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Cinema

Crítica: "A Múmia", de Alex Kurtzman



Título Original: "The Mummy"
Realização: Alex Kurtzman
Género: Ação, Aventura, Fantasia, Terror
Duração: 110 minutos
Distribuição: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/14
Data de Estreia (Portugal): 08/06/2017

Os executivos da Universal Pictures puseram-se a pensar e, daí nasceu um conceito, com potencial: construir um universo cinematográfico, onde as maiores estrelas da Hollywood contemporânea (Tom Cruise, Russell Crowe, Johnny Depp e Javier Bardem, já assinaram contrato) assumam os papéis dos emblemáticos monstros, que ficamos a conhecer, graças a uma série de clássicos dos anos 30. E, com uma segunda aventura já anunciada (a estreia está marcada para Fevereiro de 2019), recebemos, esta semana, o tomo inicial do batizado Dark Universe: A Múmia, de Alex Kurtzman (o mesmo senhor, que apadrinhou o reboot da saga Star Trek e, nos trouxe séries de televisão banalmente esquecíveis como Scorpion ou Hawai Força Especial). Um cruzamento, entre o ruidoso cinema de aventuras moderno e certos elementos do terror clássico, que ambiciona reinventar a obra de 1933, como um blockbuster de grande escala, na linha de um World War Z, colocando um Cruise mais ou menos diferente do habitual (adotando um estilo de herói contrariado, como nunca antes), como um soldado amaldiçoado, por uma múmia, que fora condenada às trevas, depois de ter cometido uma série de homicídios ritualísticos. Os resultados não primam exatamente pela consistência narrativa ou tonal (consequência de um argumento trabalhado, por nada mais, nada menos, do que seis autores), mas Kurtzman consegue conceber um espetáculo visual de tal modo assombroso (as sequências de ação, são maravilhosas), que dá vontade de perdoar todas as suas falhas estruturais e, aceitá-lo como é. Ou seja, um ótimo pedaço de cinema pipoca, sem pretensões, que só quer mesmo entreter o espetador, durante quase duas horas. E consegue-o, na perfeição.

7/10
Texto de Miguel Anjos

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