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Crítica: "Furious 7" ("Velocidade Furiosa 7"), de James Wan



Em 2001, chegava às salas "The Fast & The Furious" (que por cá recebeu o título "Velocidade Furiosa"), um thriller de ação centrado no submundo das corridas ilegais, com um orçamento modesto e um elenco constituído por atores pouco conhecidos. 13 anos e cinco filmes de sucesso passados (tendo os últimos dois sido alvo de grande aclamação por parte da crítica), chega aos ecrãs "Furious 7" um delirante espetáculo cinematográfico, composto por sequências de ação de cortar o fôlego e linhas de diálogo imediatamente icónicas, que redefine por si só o conceito de "entretenimento".



Assim, o cineasta canadiano James Wan (aqui a substituir Justin Lin, que assinou os últimos quatro capítulos) leva a saga a um novo patamar, estabelecendo um universo onde o absurdo funciona (e funciona bem): desde carros a serem atirados de um avião de modo a aterrarem numa estrada no meio de nenhures, a saltar de arranha-céus em arranha-céus com um "supercarro", há por aqui espaço para todo o tipo de proezas impossíveis, a serem postas em prática por um elenco que se está claramente a divertir ao máximo (destaque especial para um fulgurante Jason Statham, no papel do antagonista). E depois, há aqueles momentos finais onde a realidade e a ficção se cruzam para uma última homenagem a Paul Walker, naquele que será certamente um dos mais belos e tocantes momentos de cinema em 2015, oferecendo a uma obra infinitamente divertida, uma dose inesperada de emoção.


9/10
Miguel Anjos

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