Avançar para o conteúdo principal
Crítica (MOTELx 2015): "Green Room", de Jeremy Saulnier



Realização: Jeremy Saulnier
Argumento: Jeremy Saulnier
Elenco: Imogen PootsPatrick StewartAlia ShawkatAnton YelchinMark WebberJoe ColeEric EdelsteinMacon BlairCallum TurnerKai LennoxDavid W. Thompson
Género: Terror/Thriller
Duração: 94 Minutos
Facebook Oficial | IMDB

Jeremy Saulnier, que venceu o prémio FIPRESCI, para melhor realizador, em Cannes, pela conquista visual que foi "Blue Ruin" (2013), regressa ao horror com este "Green Room", um thriller empolgante, que nos conta a história de uma banda jovem de punk rock – os Ain’t Rights –, que estão em digressão pelos EUA e aceitam tocar numa sala de espetáculos isolada nos bosques de Oregon. Aí, deparam-se com um cenário de extrema violência, e quando dão por ela, estão metidos num grave conflito com neonazis.

Com um elenco magnífico, que mistura intérpretes "veteranos" como Patrick Stewart (absolutamente brilhante no papel de um psicopata sádico e calculista) ou Macon Blair (o ator "fetiche" de Saulnier), com atores mais jovens (mas nem por isso menos talentosos), de onde se destacam o omnipresente Anton Yelchin (que só este ano entrou em oito longas-metragens e duas curtas), incrivelmente convincente como o líder da banda, e o britânico Joe Cole, numa performance revelação. "Green Room" é um quase constante pico de tensão. Muito apoiado nas interpretações naturais e credíveis dos seus protagonistas, auxiliados pelo sereno trabalho de edição, que joga com a claustrofobia e os exteriores do início ao fim, e pela realização segura de Saulnier (indiscutivelmente, um dos mais excitantes realizadores do momento), "Room" é uma prodigiosa obra-prima e o melhor filme que vi no MOTELx este ano.

Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CRÍTICA - "THE APPRENTICE - A HISTÓRIA DE TRUMP"

"The Apprentice", em Portugal, acompanhado pelo subtítulo "A História de Trump", tornou-se num dos filmes mais mediáticos do ano antes de ser revelado ao público, em maio, no Festival de Cannes, "poiso" habitual do seu autor, o iraniano-sueco-dinamarquês Ali Abbasi. De facto, os tabloides tiveram muito por onde pegar, houve um apoiante de Donald Trump que, inconscientemente, terá sido um dos financiadores de "The Apprentice" (só podemos especular que terá assumido que o filme se tratava de uma hagiografia, de pendor propagandístico), a campanha de boicote que Trump e a sua comitiva lançaram contra o filme, a dificuldade de encontrar um distribuidor no mercado norte-americano (nenhum estúdio quer ter um possível Presidente como inimigo), etc. A polémica vale o que vale (nada), ainda que, inevitavelmente, contribua para providenciar um ar de choque a "The Apprentice", afinal, como exclamam (corretamente) muitos dos materiais promocionais ...

"Flow - À Deriva" ("Straume"), de Gints Zilbalodis

Não devemos ter medo de exaltar aquilo que nos parece "personificar", por assim dizer, um ideal de perfeição. Consequentemente, proclamo-o, sem medos, sem pudores, "Flow - À Deriva", do letão Gints Zilbalodis é um dos melhores filmes do século XXI. Um acontecimento estarrecedor, daqueles que além de anunciar um novo autor, nos providencia a oportunidade rara, raríssima de experienciar "cinema puro". O conceito é simultaneamente simples e complexo. Essencialmente, entramos num mundo que pode ou não ser o nosso, onde encontramos apenas natureza, há resquícios do que pode, eventualmente, ter sido intervenção humana, mas, permanecem esquecidos, abandonados, nalguns casos, até consumidos pela vegetação. Um dia, um gato, solitário por natureza, é confrontado com um horripilante dilúvio e, para sobreviver, necessita de se unir a uma capivara, um lémure-de-cauda-anelada e um cão. Segue-se uma odisseia épica, sem diálogos, onde somos convidados (os dissidentes, cas...

"Oh, Canada", de Paul Schrader

Contemporâneo de Martin Scorsese, Steven Spielberg e Francis Ford Coppola, Paul Schrader nunca conquistou o estatuto de "popularidade" de nenhum desses gigantes... e, no entanto (ou, se calhar, por consequência de), é, inquestionavelmente, o mais destemido. Em 1997, "Confrontação", a sua 12ª longa-metragem, tornou-se num pequeno sucesso, até proporcionou um Óscar ao, entretanto, falecido James Coburn. Acontece que, o mediatismo não o deslumbrou, pelo contrário, Schrader tornou-se num cineasta marginal, aberto às mais radicais experiências (a título de exemplo, mencionemos "Vale do Pecado", com Lindsay Lohan e James Deen). Uma das personas mais fascinantes do panorama cultural norte-americano, parecia ter escolhido uma espécie de exílio, até que, "No Coração da Escuridão", de 2017, o reconciliou com o público. Aliás, o filme representou o início de uma espécie de trilogia, completada por "The Card Counter: O Jogador", em 2021, e "O ...