Avançar para o conteúdo principal
Crítica (TV): "The Brink" (Temporada 1, Episódio 1), de Kim Benabib, Roberto Benabib



Realização: Jay Roach
Argumento: Kim Benabib, Roberto Benabib
Elenco: Jack Black, Tim Robbins, Pablo SchreiberAasif MandviMaribeth MonroeEric LadinGeoff PiersonEsai Morales
Género: Comédia
Duração: 30 minutos
Canal: HBO
Facebook Oficial | Site Oficial | IMDB

A sátira será talvez o género narrativo mais complexo e difícil de ser executado pela qualidade de escrita que implica, pelo equilíbrio no texto e nas situações que nos são apresentadas e pela sobriedade dos atores. Tendo isto dito e aproveitando o êxito recente de "Veep", a brilhante criação do britânico Armando Iannucci, a HBO volta a apostar numa sátira política, desta feita "The Brink", cujo primeiro episódio teve a sua estreia nacional na passada quinta-feira, no TVSéries.



Walter Larson (divertidíssimo Tim Robbins, num raro papel cómico) é um embaixador americano pouco convencional. Mulherengo, alcoólico, dono de um discurso muito eloquente e eficiente naquilo que faz. É este homem que está a tentar impedir uma catástrofe mundial, com a ajuda duvidosa de Alex Talbot (Jack Black), um peão dos serviços externos que toda a gente quer despedir. Lá pelo meio está um talentoso piloto de jatos, cheio de problemas financeiros, que tenta escapar à dura realidade da vida num porta-aviões, através das drogas e do excesso, sendo escolhido para uma missão no Paquistão.


O primeiro episódio (dirigido com mestria pelo "veterano" Jay Roach, autor de títulos como "Austin Powers: O Espião Irresistível", "Um Sogro Do Pior" ou "Mudança de Jogo") é particularmente interessante, com um sentido de humor mordaz e um elenco talentoso, que se apresenta como uma sátira inteligente e muito bem escrita à política estrangeira dos EUA (e, em especial, à ignorância dos seus representantes). 

É de salientar, no entanto, que um só episódio (de 30 minutos, ainda por cima), não é de maneira alguma suficiente para avaliar uma série, positiva ou negativamente. O que é certo é que existe por aqui um imenso potencial e, além disso, o objetivo de um piloto é deixar o espetador curioso o suficiente para continuar a acompanhar a série em questão, e nesse aspeto "The Brink" cumpre com distinção.

Em Portugal, "The Brink" passa no TVSéries às quintas-feiras a partir das 22:00.

Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CRÍTICA - "THE APPRENTICE - A HISTÓRIA DE TRUMP"

"The Apprentice", em Portugal, acompanhado pelo subtítulo "A História de Trump", tornou-se num dos filmes mais mediáticos do ano antes de ser revelado ao público, em maio, no Festival de Cannes, "poiso" habitual do seu autor, o iraniano-sueco-dinamarquês Ali Abbasi. De facto, os tabloides tiveram muito por onde pegar, houve um apoiante de Donald Trump que, inconscientemente, terá sido um dos financiadores de "The Apprentice" (só podemos especular que terá assumido que o filme se tratava de uma hagiografia, de pendor propagandístico), a campanha de boicote que Trump e a sua comitiva lançaram contra o filme, a dificuldade de encontrar um distribuidor no mercado norte-americano (nenhum estúdio quer ter um possível Presidente como inimigo), etc. A polémica vale o que vale (nada), ainda que, inevitavelmente, contribua para providenciar um ar de choque a "The Apprentice", afinal, como exclamam (corretamente) muitos dos materiais promocionais ...

"Flow - À Deriva" ("Straume"), de Gints Zilbalodis

Não devemos ter medo de exaltar aquilo que nos parece "personificar", por assim dizer, um ideal de perfeição. Consequentemente, proclamo-o, sem medos, sem pudores, "Flow - À Deriva", do letão Gints Zilbalodis é um dos melhores filmes do século XXI. Um acontecimento estarrecedor, daqueles que além de anunciar um novo autor, nos providencia a oportunidade rara, raríssima de experienciar "cinema puro". O conceito é simultaneamente simples e complexo. Essencialmente, entramos num mundo que pode ou não ser o nosso, onde encontramos apenas natureza, há resquícios do que pode, eventualmente, ter sido intervenção humana, mas, permanecem esquecidos, abandonados, nalguns casos, até consumidos pela vegetação. Um dia, um gato, solitário por natureza, é confrontado com um horripilante dilúvio e, para sobreviver, necessita de se unir a uma capivara, um lémure-de-cauda-anelada e um cão. Segue-se uma odisseia épica, sem diálogos, onde somos convidados (os dissidentes, cas...

CRÍTICA - "MEMÓRIA"

Michel Franco é um cineasta empático? O termo raramente lhe foi associado, aliás, títulos como "Nova Ordem" ou "Crepúsculo" levaram muitos a acusá-lo de sadismo, apoiando-se permanentemente num niilismo incessante para encenar as mais abjetas barbaridades. Enfim, temos de assumir que quem levanta essas acusações nunca viu, por exemplo, "Chronic", o seu primeiro filme em inglês, onde não era possível fechar os olhos ao humanismo. Em "Memória", encontramo-lo na sua melhor forma, pronto para confundir os seus detratores, com um filme... "fofinho", devastador é certo, mas, "fofinho" na mesma. É o conto de Sylvia (Jessica Chastain), uma assistente social, profundamente traumatizada pelos abusos sexuais que sofreu, primeiro, às mãos do pai e depois, de um ex-namorado, e Saul (Peter Sarsgaard), cuja vida é moldada e, acima de tudo, condicionada por uma doença degenerativa debilitante. É um conceito, no mínimo, complexo, quanto mais n...