Crítica: "Foge", de Jordan Peele
Título Original: "Get Out"
Realização: Jordan Peele
Argumento: Jordan Peele
Elenco: Daniel Kaluuya, Allison Williams, Bradley Whitford, Catherine Keener, Caleb Landry Jones, Lakeith Stanfield
Género: Terror, Mistério
Duração: 104 minutos
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/16
Data de Estreia (Portugal): 04/05/2017
Título Original: "Get Out"
Realização: Jordan Peele
Argumento: Jordan Peele
Elenco: Daniel Kaluuya, Allison Williams, Bradley Whitford, Catherine Keener, Caleb Landry Jones, Lakeith Stanfield
Género: Terror, Mistério
Duração: 104 minutos
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/16
Data de Estreia (Portugal): 04/05/2017
Filmado com uns modestos 4.5 milhões (uma soma ridiculamente baixa, para os luxuosos padrões da produção norte-americana contemporânea), a primeira longa-metragem de um nome predominantemente associado à televisão, surpreendeu a comunidade cinéfila e não só, transformando-se num acontecimento cinematográfico que mobilizou público (rendeu 195 milhões de dólares mundialmente e, ainda nem estreou na maior parte dos mercados) e crítica, que parece inevitável declarar como uma das mais importantes estreias de 2017. Essencialmente, uma estaca no coração no politicamente correto, que combina de maneira muito engenhosa elementos do terror clássico (podemos falar de um estreante, que lembra Hitchcock, Hardy, Craven e Polanski) com comédia de costumes (onde o humor é sempre desconfortavelmente constrangedor), para falar abertamente e sem pudores, das questões raciais nas sociedades modernas. Na qual, Jordan Peele vai compondo a retorcida odisseia de Chris, um jovem negro, que vai passar o fim-de-semana, à casa dos pais endinheirados da namorada branca, um contexto profundamente liberal, onde lentamente começam a ser evidenciados sinais de um preconceito latente. Simultaneamente uma inteligentíssima fita de género e, um explosivo pedaço de cinema de intervenção, Foge é, acima de tudo, uma análise contundente ao próprio olhar da sociedade sobre o "outro" e, o modo como até as boas intenções podem rapidamente resvalar para a mesmíssima condescendência de uma xenofobia aberta. Tudo isto, perfeitamente encapsulado por um argumento elegante como poucos, uma realização sufocante, que estabelece uma atmosfera de pavor e clausura, que nunca nos oferece conforto, nem se dissipa e, claro está, um elenco de exceção, do qual é necessário destacar Kaluuya, que comanda a nossa atenção a cada segundo e, protagoniza uma sequência instantaneamente icónica, que num mundo justo chegaria para lhe garantir uma nomeação na próxima cerimónia dos Óscares. Enorme filme e, não nos enganemos, um dos mais importantes dos últimos anos.
10/10
Texto de Miguel Anjos
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