Crítica: "A Cidade Perdida de Z", de James Gray
Título Original: "The Lost City of Z"
Realização: James Gray
Argumento: James Gray
Género: Ação, Aventura, Biografia
Duração: 141 minutos
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 04/05/2017
James Gray é um cineasta fora de tempo e, com A Cidade Perdida de Z (o mais ambicioso dos seus filmes até à data) parece ter encontrado uma alma gémea, no explorador britânico Percy Fawcett, que existiu realmente e desapareceu sem deixar rasto em 1925 nos confins da Amazónia (onde procurava uma mítica civilização pré-histórica, na qual só ele parecia acreditar). Alguém, que parece ter nascido tarde demais ou cedo demais e, no local errado para cumprir os seus sonhos. Ele, que sempre nos habituou a um cinema singular, sempre disposto a redescobrir uma certa tradição classicista, que Hollywood cada vez parece mais interessada em descontinuar. No limite, Z é precisamente isso, um olhar melancólico, mas romântico sobre um tempo (cinematográfico e não só), que não volta, uma jornada intima, a oscilar entre uma nostalgia inerentemente melancólica pelo que ficou por viver e, a ansia de uma transcendência espiritual, que nunca chega. Aqui, tudo isso aparece personificado pela odisseia sacrificial do seu protagonista, rumo ao desaparecimento completo, à morte, à extinção ou, talvez à transcendência, naquela floresta enigmática, que Gray retrata como uma ruína, um resquício de um mundo, também ele há muito extinto. Z, claro está, é letra final do alfabeto, uma espécie de ponto metafórico de não retorno e, o autor não a usa em vão, porque também nesta aventura poética, lentamente vamos concluindo, que o que está no ecrã é esse ponto, que depois disto não há mais nada, nem para Fawcett, nem para nós. Autópsia de um sonho, de um universo, de um romantismo (novamente, cinematográfico e não só), que ficou para trás e, acima de tudo, um belíssimo acontecimento.
10/10
Texto de Miguel Anjos
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