"Síndrome de Estocolmo", de Robert Budreau
Escusado será dizer, que essa inusitada relação não é propriamente simples de encenar e Budreau não só entende isso, como evidencia suficiente inteligência para não procurar uma maneira de explicar lógica ou cientificamente essa atração. Ao invés, Budreau evita qualquer efeito de “tese” ao escolher encenar um estranho labirinto de muitas emoções humanas, que tem início no momento em que um criminoso apaixonado pela iconografia americana (os cowboys, Steve McQueen, a música de Bob Dylan, entre outros sempre curiosos elementos), entra num banco de Estocolmo, dispara vários tiros para o ar e faz reféns das empregadas daquele estabelecimento. O restante filme é, portanto, um delicado exercício de equilíbrio entre a comédia e o drama, a violência e a gentileza, o amor e o ódio.
Budreau encena esse jogo com um notável savoir faire, sustendo um nível de suspense admirável e trazendo à tona o melhor dos seus atores, em particular, Ethan Hawke, com quem aliás já tinha trabalho em “Born to be Blue”, e Noomi Rapace, sendo especialmente necessário mencionar a subtileza e paciência com que ambos vão trabalhando a cumplicidade que lentamente se vai desenvolvendo entre as suas personagens. É mais uma vitória para um cineasta que consolida um caminho que começou na produção, e consegue aqui provar uma versatilidade incomum, conjugando géneros, valorizando a importância dos seus interpretes e assinando uma fita que tem tanto de conto emocional como de crónica desencantada acerca de uma comunicação social sensacionalista que vampirizou o caso como poucas vezes havia acontecido até então.
Texto de Miguel Anjos
Realização: Robert Budreau
Argumento: Robert Budreau
Elenco: Ethan Hawke, Noomi Rapace, Mark Strong
Duração: 92 minutos
Género: Thriller, Comédia
País: Canadá, EUA
Distribuição: Films4You
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