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Crítica: "The Hunger Games: A Revolta - Parte 2", de Francis Lawrence



Título Original: "The Hunger Games: Mockingjay - Part 2"
Realização: Francis Lawrence
Argumento: Peter CraigDanny Strong
Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Woody Harrelson, Elizabeth Banks, Julianne Moore, Philip Seymour Hoffman, Jeffrey Wright, Sam Claflin, Jena Malone, Stanley Tucci, Donald Sutherland
Género: Aventura/Ficção-Científica
Duração: 137 minutos
País: EUA
Ano: 2015
Classificação Etária: M/12
Data De Estreia (Portugal): 19/11/2015
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Os Jogos acabaram. Três anos depois da estreia do primeiro "The Hunger Games", aquele que será certamente um dos maiores fenómenos cinematográficos do século XXI, chega ao fim com um filme assombroso, que recupera a tradição da mais pura "tragédia grega". Desta feita, a guerra entre o povo de Panem e o Capitólio atinge proporções épicas (e deveras sangrentas), porém, contrariamente aquilo que seria de esperar, o cineasta Francis Lawrence (que já tinha assinado os últimos dois capítulos) e os argumentistas Peter Craig e Danny Strong decidiram colocar esse confronto "de parte" e, ao invés, construir uma narrativa de um caráter mais intimista, através da qual acompanhamos Katniss, Gale, Finnick e Peeta e o seu pequeno grupo de soldados, enquanto "deambulam" pela metrópole destruída (há por aqui ideias interessantíssimas acerca dos horrores da guerra), com o objetivo de assassinar o Presidente Snow, que por sua vez se tornou cada vez mais obcecado em destruir a rebelião. Ritmado, com ótimas sequências de ação, há espaço para trabalhar no suspense, de modo que, o público dará por si colado à cadeira, ansioso, a temer pelo que se segue, quase como se de um filme de terror se tratasse (a travessia subterrânea para o Capitólio, por exemplo, é de uma intensidade implacável), mas o melhor de "A Revolta - Parte 2" é a forma como joga com a alegoria ao poder desmedido, às acentuadas diferenças entre ricos e pobre, e ao entretenimento das massas com o sofrimento real, que tem vindo a ganhar um lugar cada vez maior na narrativa e atinge aqui o seu auge. Não será, com certeza, o filme mais animador do ano (é, claramente, o mais triste dos quatro), mas é um dos mais importantes...

Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

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