Avançar para o conteúdo principal
Crítica: "A Ponte dos Espiões", de Steven Spielberg



Título Original: "Bridge of Spies"
Realização: Steven Spielberg
Argumento: Matt CharmanEthan CoenJoel Coen
Elenco: Tom Hanks, Mark Rylance, Scott Shepherd, Amy Ryan, Sebastian Koch, Alan Alda
Género: Biografia, Drama, Histórico
Duração: 141 minutos
País: EUA | Índia | Alemanha
Ano: 2015
Data De Estreia (Portugal): 26/11/2015
Classificação Etária: M/12
Facebook Oficial | Site Oficial | IMDB

Houve um tempo em que o nome Steven Spielberg era sinónimo de inovação, de magia, de excelência mas, com o passar dos anos, o seu cinema tem vindo a perder a garra e a ceder as mais banais convenções de um mero telefilme. A sua mais recente longa, intitulada "A Ponte Dos Espiões" é um exemplo bastante claro disso mesmo, um filme de espionagem bem atuado, mas preso a um tom académico muito limitado. A história (verídica, por sinal) gira em torno de um advogado de seguros que se vê envolvido numa complexa troca de prisioneiros entre os EUA e a URSS, tendo por pano de fundo as convulsões da Guerra Fria e, em particular, o início da construção do Muro de Berlim. Há por aqui bastante potencial, basta que vejamos o contido brilhantismo do argumento dos irmãos Joel e Ethan Coen (que escreveram o filme em parceria com Matt Charman) que pontuam esta intriga politica com aquele sentido de humor insólito que lhes é tão particular e o trabalho de recriação da Berlim da altura da construção do Muro é, de facto, notável, porém, esse potencial perde-se na encenação preguiçosa e francamente desinspirada de Spielberg que, infelizmente, faz com que os méritos de "A Ponte Dos Espiões" se esgotem no simplismo dramático-ilustrativo da mais primitiva norma televisiva. Para 2016, o realizador já tem agendada a estreia de "The BFG" (adaptação da obra homónima do escritor britânico Roald Dahl) resta esperar que as coisas corram melhor…

Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Destroyer: Ajuste de Contas" O falhanço financeiro de um duo de produções conturbadas (“Aeon Flux” e “O Corpo de Jennifer”) remeteram Karyn Kusama a um silêncio demasiado longo. No entanto, em 2016, reencontrámo-la aos comandos de um filme francamente impressionante. Chamava-se “The Invitation” e convidava-nos a entrar na intimidade fantasmática de um homem que não conseguia ultrapassar um acontecimento traumático que o destruiu. Passou completamente ao lado do circuito comercial, contudo, tornou-se num fenómeno de culto em homevideo e deu visibilidade suficiente à sua autora para lhe permitir filmar com um orçamento mais alto (9 milhões), o apoio de um estúdio interessado em auxiliar cineastas ousados (a Annapurna) e um elenco preenchido por nomes sonantes para filmar o seu magnum opus , ou como diriam os românticos alemães do século XIX a sua Gesamtkunstwerk (“obra de arte total”). Trata-se do conto sanguinolento e melancólico de Erin Bell (Nicole Kidman). Uma
"Clímax", de Gaspar Noé Nos primeiros minutos de “Clímax” é-nos providenciado um plano aéreo de uma mulher ensanguentada a percorrer um mar de neve, eventualmente caindo prostrada no branco e nele se distendendo. É a chamada  god’s eye view , um enquadramento da visão divina, que contempla as minúsculas romagens humanas lá do alto, sempre com indiferença. Essa vista alonga-se, para encontrar uma árvore, numa panorâmica lenta que vai abrindo caminho para o horizonte, orientando-se de tal modo que coloca a rapariga no céu e, por conseguinte, Deus na terra. Ainda não terminaram os segundos iniciais da sexta longa-metragem de Gaspar Noé e o mesmo já declarou que as imagens delirantes a que seremos expostos nos seguintes 95 minutos, se encontraram num intervalo permanente e perturbante entre o olhar distante de um qualquer Deus terreno e a lógica sacralizadora de um artista em busca de sensações viscerais. Caso restem dúvidas, o ecrã é imediatamente apoderado por uma
"Juliet, Nua", de Jesse Peretz Quando uma comédia romântica funciona mesmo muito bem, dão-se dois acontecimentos intrinsecamente interligados. Primeiro, começamos a acreditar nas personagens em causa, e a reconhecermo-nos nelas. Segundo, os apontamentos humorísticos convencem-nos tão bem do ambiente de aparente ligeireza, que somos completamente surpreendidos, quando a narrativa nos confronta com temáticas sérias. Felizmente, “Juliet, Nua” constitui mesmo um desses pequenos milagres. Um olhar, simultaneamente, melancólico e hilariante sobre um trio de indivíduos, que tentam encontrar o melhor caminho possível para a felicidade, dentro das situações francamente complexas, que os “assombram”. Resumindo de maneira necessariamente esquemática, esta é a história de Annie (a sempre confiável Rose Byrne), uma mulher de meia-idade, oriunda de uma pequena vila britânica, daquelas onde nunca nada parece acontecer, que namora com o intelectual Duncan (Chris O’Dowd)