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CRÍTICA - "DC LIGA DOS SUPERPETS"

Conhecemos os membros da Liga da Justiça (Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman, Flash, Cyborg e Green Lantern) … Mas, então, e os seus animais de estimação? Pois bem, em “DC Liga dos Superpets”, ficamos a conhecer Krypto (Dwayne Johnson), o cão do Super-Homem (John Krasinski). Ambos possuem uma poderes sobre-humanos, contudo, aquilo que os une são os habituais laços de familiaridade que todos desenvolvemos com os nossos pequenotes. Porém, à medida que o Super-Homem se aproxima da namorada Louis Lane (Olivia Wilde), que pretende pedir em casamento, Krypto, que nunca criou nenhum tipo de relação com outro ser, começa a sentir-se secundarizado...

Entretanto, algures em Metropolis, uma porquinha-da-Índia (Kate McKinnon), com um ódio muito particular pelo Super-Homem e Krypto, ocupa o seu quotidiano a afinar um plano maquiavélico, que obrigará Krypto a aliar-se a um conjunto de animais abandonados, recentemente, abençoados com super-poderes, que sofrem da mesma insegurança (e solidão) que ele, composto por Ace (Kevin Hart), um cão abandonado e, por isso, deveras desconfiado, PB (Vanessa Bayer), uma porca que tem como ídolo a Mulher-Maravilha, Merton (Natasha Lyonne), uma tartaruga cegueta e Chip (Diego Luna), um esquilo medroso. O futuro da humanidade depende mesmo deles.

À semelhança de títulos recentes como “Os Mauzões” (ainda o maior triunfo animado de 2022) ou “Mínimos 2: A Ascensão de Gru”, “DC Liga dos Superpets” possui um trabalho de animação extremamente cuidado, apresentando imagens belas e convidativas, abrilhantadas por uma paleta de cores chamativa e agradável, onde saltam à vista as adoráveis personagens centrais. No entanto, como nos filmes supracitados, o que nos conquista é o balanço entre um sentido de humor hilariante e anárquico, com momentos dignos de muitas e sonoras gargalhadas a serem “atirados” ao ecrã constantemente, e uma componente emocional eximia, que tanto se apropria das características especificas dos animais retratados para definir a sua personalidade (cómica e dramaticamente), como reconhece a “universalidade” dos seus instintos e sensações.

Afinal, os nossos animais de estimação não são assim tão diferentes de nós, ainda que os seus corações possam ser mais puros e raciocínio mais simples, “DC Liga dos Superpets” sabe disso, fazendo dele uma recomendação perfeita para os amantes de animais, mesmo aqueles que não sabem sequer distinguir a Marvel da DC. Aquilo que Jared Stern e Sam Levine fizeram foi oferecer-nos um bonito conto sobre a importância da amizade, que é também uma homenagem à capacidade dos nossos amigos de quatro patas de amar incondicionalmente (a expressão “fieldade canina” vem mesmo daí). Num verão escaldante, uma sessão de “DC Liga dos Superpets” promete arrefecer a temperatura corporal, enquanto nos aquece o coração…

★ ★ ★ ★ ★
Texto de Miguel Anjos

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