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Crítica: "Sicario - Infiltrado", de Denis Villeneuve



Título Original: "Sicario"
Realização: Denis Villeneuve
Argumento: Taylor Sheridan
Elenco: Emily Blunt, Benicio Del Toro, Josh Brolin, Victor Garber, Jon Bernthal
Género: Ação/Crime/Drama
Duração: 121 minutos
"You should move to a small town, somewhere the rule of law still exists. You will not survive here. You are not a wolf, and this is a land of wolves now."
Foi um dos grandes acontecimentos do último Festival de Cannes: "Sicario - Infiltrado", o mais recente filme do cineasta canadiano Denis Villeneuve ("Raptadas""Incendies - A Mulher que Canta"). Um thriller extremamente realista e brutal, com ótimas sequências de ação, que se centra numa agente federal (Emily Blunt) que se voluntaria para uma missão contra o narcotráfico mexicano. Mas, se o objetivo final das operações é idóneo e visa atingir o coração de um poderoso grupo do narcotráfico, o trajeto até ele nem por isso. Lidando com um ardiloso comandante (Josh Brolin) e seu sinistro parceiro (Benicio del Toro, numa performance absolutamente brilhante), ela parece fadada a ser o "bobo da corte" de um mundo cujas regras se diluíram num sem fim de ilegalidades (ocupação territorial, tiroteios entre civis, sequestros, alianças com criminosos) e onde os moralismos e as certezas fáceis se esbatem diante da crueza devastadora da realidade. Tendo como ponto de partida um notável argumento da autoria do estreante Taylor SheridanVilleneuve constrói uma obra densamente empolgante, que traça um retrato chocante das técnicas sujas postas em prática pelos Estados Unidos para o combate ao narcotráfico e aos cartéis mais violentos do mundo. Um dos melhores filmes do ano...

Miguel Anjos

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