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Crítica: "Brooklyn", de John Crowley



Título Original: "Brooklyn"
Realização: John Crowley
Argumento: Nick Hornby
Elenco: Saoirse RonanDomhnall GleesonEmory CohenJim BroadbentJulie Walters
Género: Drama, Romance
Duração: 111 minutos
País: Irlanda | Reino Unido | Canada
Ano: 2015
Data De Estreia (Portugal): 14/01/2016
Classificação Etária: M/12


A atual produção cinematográfica inglesa (americana ou britânica) continua a apostar na revitalização das matrizes melodramáticas do cinema clássico, exemplo claro de tal coisa é este "Brooklyn", a mais recente longa-metragem do britânico John Crowley (realizador do muito interessante "Rapaz A"), cuja narrativa gira em torno de uma jovem imigrante irlandesa (Saoirse Ronan, impecável na subtileza com que constrói a protagonista, transportando o filme aos ombros sem parecer sentir o peso) que, em 1950, parte para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor. As iniciais saudades que a mantinham acorrentada diminuem com o surgimento de um novo amor (excelente interpretação de Emory Cohen, um jovem ator com ecos de Marlon Brando ou Robert De Niro), mas esta não demora até que esta felicidade seja interrompida pelos "fantasmas" do passado. É um filme belíssimo, que nos emociona pela sua genuinidade e emotividade, sem nunca sentir a necessidade de recorrer a truques ou grandes complexidades. Além disso, numa época em que as migrações volta a estar na ordem do dia, "Brooklyn" serve também como uma bonita homenagem aos muitos imigrantes espalhados não só pela América, mas por tudo o mundo que relembram para todo o sempre a sua terra natal, eternamente "presos" um espaço e a um tempo que já não existem.

Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

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