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Crítica: "A 5.ª Vaga", de J Blakeson



Título Original: "The 5th Wave"
Realização: J Blakeson
Género: Ação, Aventura, Ficção-Científica
Duração: 112 minutos
País: EUA
Ano: 2016
Data De Estreia (Portugal): 14/01/2016
Classificação Etária: M/12

É do conhecimento geral que os estúdios norte-americanos têm, ao longo dos últimos anos, andado especialmente empenhados em tentar encontrar um fenómeno literário que, uma vez adaptado ao cinema, consiga repetir o êxito de sagas como "Os Jogos da Fome" ou "Divergente", e se é um facto que lá pelo meio têm havido alguns sucessos criativos e financeiros como "The Maze Runner" ou "The Giver – O Dador De Memórias", a gigantesca maioria acaba por fracassar ("Nómada", "Academia De Vampiros", "Os Instrumentos Mortais: A Cidade Dos Ossos", entre outros). Tendo isto dito ainda será, porventura, cedo demais para dizer se "A Quinta Vaga" vai corresponder às elevadas expectativas da Sony Pictures e dar origem a um franchise, porém importa dizer que, independentemente da sua performance nas bilheteiras, a fita assinada pelo britânico J Blakeson é um thriller pós-apocalíptico bastante competente que prima, acima de tudo, pelo clima de tensão, a espaços verdadeiramente sufocante, que o cineasta consegue orquestrar (destaque especial para a primeira e prodigiosa cena). A história tem lugar após o início de uma invasão alienígena que se processa de forma algo atípica, é que ao contrário do que se esperaria, eles não atacam a Terra imediatamente, preferindo, aos poucos, eliminar os humanos. Cada uma dessas fases do ataque é apelidada de Vaga e agora chegou a vez da quinta (daí o nome do filme). Em particular acompanhamos Cassie (Chloë Grace Moretz), uma jovem que nos vai narrando a história, enquanto aos poucos vai sendo forçada a unir esforços com um adolescente misterioso, que vive numa quinta isolada e desenvolve por Cassie uma certa obsessão. Há, lá pelo meio, um triângulo amoroso algo forçado que parece o tipo de coisa que será alvo de um maior desenvolvimento numa possível sequela, mas isso não anula que o resto do filme seja uma interessante reinvenção do "filme pós-apocalíptico", que agarra desde o início, graças a um trabalho de realização acima da média e um elenco talentoso.


Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

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