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Crítica: "A Rapariga Dinamarquesa", de Tom Hooper


Título Original: "The Danish Girl"
Realizador: Tom Hooper
Argumento: Lucinda Coxon
Elenco: Eddie RedmayneAlicia VikanderAmber HeardBen WhishawMatthias Schoenaerts
Género: Biografia, Drama, Romance
Duração: 119 minutos
País: Reino Unido | Alemanha | EUA
Ano: 2015
Data De Estreia (Portugal): 31/12/2015
Classificação Etária: M/14

Depois de, em 2012, ter assinado uma adaptação extremamente ambiciosa da obra-prima de Victor Hugo, "Os Miseráveis", o britânico Tom Hooper está de regresso às salas com uma fita de mestre cuja estreia marca oficialmente o início da chamada "temporada de prémios": "A Rapariga Dinamarquesa", uma invulgar e comovente história de amor, que evoca as memórias do pintor Einer Wegener, que nos anos 20 do século passado se transforma numa mulher, Lili Elbe.

Dirigido com exemplar sobriedade por Hooper (que tem aqui aquele que será, por certo, o seu trabalho mais conseguido), a força motriz do filme reside no trabalho dos seus atores, em especial, dos protagonistas (é um daqueles casos em que tudo poderia falhar caso os mesmos não estivessem à altura) e nesse aspeto Eddie Redmayne e Alicia Vikander são, de facto, excecionais, conseguindo a difícil proeza de expor o simbolismo social da sua história, sem nunca simplificar o caráter irredutível de cada uma das suas personagens. Estamos, portanto, perante uma obra fascinante, que aborda uma temática delicada com inteligência e sofisticação, sem nunca perder de vista que o cinema se faz, acima de tudo, da densidade e complexidade humana das histórias que conta.

Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

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