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Crítica: "Águas Perigosas", de Jaume Collet-Serra


Título Original: "The Shallows"
Realização: Jaume Collet-Serra
Argumento: Anthony Jaswinski
Género: Drama, Terror, Thriller
Duração: 86 minutos
País: EUA
Ano: 2016
Distribuidor: Big Picture Films
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 11/08/2016

Crítica: Jaume Collet-Serra, um cineasta natural da Catalunha, que nos últimos anos tem vindo a construir uma carreira em Hollywood, já se tinha demonstrado portador de uma invulgar capacidade para explorar conceitos, aparentemente, simples e, em torno deles, criar fitas extremamente eficazes. Talento esse, que se volta a evidenciar neste thriller notável que é "Águas Perigosas", exercício minimalista implacavelmente intenso, com um argumento engenhoso e uma performance central extraordinária (Blake Lively, novamente a mostrar um talento imenso, que a indústria norte-americana tem vindo a desaproveitar, é porém de esperar que tal coisa mude depois disto). Nele, conta-se a história de uma texana, que viaja até ao México, para encontrar uma praia paradisíaca onde que a mãe, recentemente, falecida passou alguns dos melhores dias da sua vida. Mas, uma vez lá, vê-se confrontada com um tubarão faminto, que a obriga a refugiar-se numa pequena rocha que dentro de poucas horas será também ela consumida pela maré. Premissa curiosa, que nas mãos de alguém como Collet-Serra se transforma num dos filmes de suspense mais empolgantes e interessantes, em memória recente, muito disso também graças a um argumento, que se interessa genuinamente pelas suas personagens e, pelas suas nuances. E, Lively, claro, é uma estrela à espera de explodir.

Texto de Miguel Anjos

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