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Crítica: "Todos Para Sul", de Nicolas Benamou, Philippe Lacheau


Título Original: "Babysitting 2"
Realização: Nicolas Benamou, Philippe Lacheau
Argumento: Julien Arruti, Nicolas BenamouPhilippe Lacheau, Pierre Lacheau
Elenco: Philippe Lacheau, Alice David, Vincent Desagnat, Tarek Boudali, Christian Clavier
Género: Comédia
Duração: 93 minutos
País: França
Ano: 2015
Distribuidor: PRIS Audiovisuais
Classificação Etária: M/14
Data de Estreia (Portugal): 18/08/2016

Crítica: Há pouco mais de um ano, a Lanterna de Pedra Filmes estreou em sala a comédia francesa "Babysitting", uma espécie de cruzamento entre "A Ressaca" e "Projeto X", que havia tomado de assalto as bilheteiras gaulesas no ano anterior. Infelizmente, esse atraso significativo, uma campanha de marketing inexistente e a concorrência de duas enormes apostas comerciais ("Mínimos" e "O Pátio das Cantigas"), condenaram-no à obscuridade. Mas, alguém (Pris Audiovisuais) viu ali potencial e decidiu comprar a sequela (que, andava em pós-produção, aquando da estreia nacional do primeiro), que agora chega aos nossos ecrãs com uma prontidão, distribuição e campanha publicitária bem mais maiores do que o seu antecessor. E, ainda bem, porque não sendo nenhuma obra-prima intemporal (nem seria razoável esperar que o fosse), "Todos Para o Sul" é uma comédia divertidíssima, que se segue com imenso prazer. Desta feita, Franck (Philippe Lacheau, também corealizador e coargumentista do filme) e a namorada Sonia (Alice David), convidam os seus melhores amigos para uma viagem até uma luxuosa estância de férias no Brasil, gerida pelo pai de Sonia. Franck tenciona aproveitar a ocasião para pedir a namorada em casamento, porém acaba metido em sarilhos quando os seus companheiros o arrastam numa excursão pela floresta amazónica, que culmina no seu misterioso desaparecimento... A trama não será a mais complexa e só muito dificilmente é que o vamos ver em listas dos melhores filmes do ano, mas os episódios anedócticos seguem-se a uma velocidade alucinante e, verdade seja dita, nunca falham. Além disso, a química entre os protagonistas é palpável (sempre importante, num filme centrado num grupo de amigos) e a narrativa move-se a um ritmo imparável, que não deixa espaço para momentos mortos. Entretenimento de verão, sem pretensões e com muita piada, que é uma coisa também faz falta na nossa dieta cinéfila, nestes dias de incessante calor.

Texto de Miguel Anjos

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