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Crítica: "Esquadrão Suicida", de David Ayer


Título Original: "Suicide Squad"
Realização: David Ayer
Argumento: David Ayer
Elenco: Will SmithJared LetoMargot RobbieJoel KinnamanViola DavisJay Hernandez
Género: Ação, Aventura, Comédia
Duração: 123 minutos
País: EUA
Ano: 2016
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/14
Data de Estreia (Portugal): 04/08/2016

Crítica: David Ayer, cineasta norte-americano, conhecido por um certo cinema de ação explosivo e visceral, sempre ligado a um realismo extremo (lembremo-nos dos recente e, excelente "Fim De Turno", que retrava de forma admirável a rotina diária de dois polícias nas zonas mais perigosas dos Estados Unidos), empresta agora os seus talentos a uma fita de super-heróis. O resultado é exatamente aquilo que os trailers prometiam: um espetáculo insano e, deliciosamente perverso, que não só entretém do primeiro ao último minuto com uma eficácia invejável, como acaba por preservar todas as marcas autorais de Ayer. Chama-se "Esquadrão Suicida" e, para quem vive debaixo de uma pedra e, por isso, não sabe, junta alguns dos mais célebres vilões da DC Comics (entre os quais se contam Deadshot, Harley Quinn, Diablo, Boomerang e Killer Croc), numa força de combate, criada por uma agência governamental secreta, para embarcar em missões potencialmente mortais, em troca de reduções nas suas sentenças. Surpreendentemente e, apesar de haver fortes elementos de fantasia envolvidos na narrativa, "Esquadrão Suicida" é um filme de David Ayer desde o princípio ao fim, com aquelas personagens duras, provenientes de ambientes agrestes, aquela ideia da amizade e camaradagem (sempre vital nas suas narrativas), as sequências de ação de encher o olho e, o sentido de humor sofisticadamente grosseiro. Isto, já para não falar daquele que sempre foi um dos seus maiores trunfos: a capacidade de reunir o elenco certo. E, neste caso, acertou em cheio, desde uma Margot Robbie perfeita, aqui a emprestar um misto de demência com vulnerabilidade à sua Harley Quinn, até ao melhor que vimos de Will Smith, nos últimos anos. E, claro, palmas para Jared Leto, que em cerca de dez minutos rouba um filme inteiro.

Texto de Miguel Anjos

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