Avançar para o conteúdo principal

Cinema

Crítica: "Girls Night", de Lucia Aniello


Título Original: "Rough Night"
Realização: Lucia Aniello
Género: Comédia
Duração: 101 minutos
Distribuidor: Big Picture Films
Classificação Etária: M/14
Data de Estreia (Portugal): 15/06/2017


Tudo na campanha de marketing, orquestrada pela Sony Pictures, para Girls Night parece querer convencer-nos, que estamos perante uma variação feminina de A Ressaca, de Todd Phillips. Mas, diga-se que a primeira longa-metragem de Lucia Aniello (ela, que até agora havia trabalhado unicamente na televisão, em produções tão geniais como Time Traveling Bong ou Broad City), é consideravelmente mais interessante que isso. Comédia adulta no feminino, reminiscente dos filmes, que Paul Feig tem feito, só que com um negrume bem acentuado, uma vez que a narrativa, construída por Aniello e, por Paul W. Downs (marido e co-argumentista da cineasta, que também aparece como ator), acompanha quatro amigas de longa data (e, uma quinta, que, eventualmente, se junta a elas), que matam um stripper acidentalmente, durante uma despedida de solteira e, depois se veem forçadas a encontrar uma forma de se livrarem do corpo. Combinando uma premissa, levemente hitchcockiana com um sentido de humor, claramente reminiscente da nova comédia norte-americana (e, aqui nomes como Judd Appatow ou, o previamente mencionado Feig, surgem de imediato na memória), Girls Night é um engenhoso cruzamento de sensibilidades, que nunca falha na hora de fazer rir e, ainda oferece a um talentosíssimo elenco, personagens interessantes e bem-desenhadas (e, se todos nos impressionam, não haverá como negar que no final de contas, o filme pertence a Jillian Bell), que não se resumem nem a clichés, nem a pequenas caricaturas.

9/10
Texto de Miguel Anjos

Comentários

  1. Muito boa crítica, a verdade acho que esse filme foi bom. Mais que filme de comedia, é um filme de suspense, todo o tempo tem a sua atenção e você fica preso no sofá. Pessoalmente adoro filmes com Scarlett Johansson e acho que ela é inteligente para escolher os projetos no que trabalha. Desfrutei muito sua atuação. Em minha opinião é a atriz mais completa da sua geração, mas infelizmente não é reconhecida como se deve neste filme. Recomendo.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

CRÍTICA - "THE APPRENTICE - A HISTÓRIA DE TRUMP"

"The Apprentice", em Portugal, acompanhado pelo subtítulo "A História de Trump", tornou-se num dos filmes mais mediáticos do ano antes de ser revelado ao público, em maio, no Festival de Cannes, "poiso" habitual do seu autor, o iraniano-sueco-dinamarquês Ali Abbasi. De facto, os tabloides tiveram muito por onde pegar, houve um apoiante de Donald Trump que, inconscientemente, terá sido um dos financiadores de "The Apprentice" (só podemos especular que terá assumido que o filme se tratava de uma hagiografia, de pendor propagandístico), a campanha de boicote que Trump e a sua comitiva lançaram contra o filme, a dificuldade de encontrar um distribuidor no mercado norte-americano (nenhum estúdio quer ter um possível Presidente como inimigo), etc. A polémica vale o que vale (nada), ainda que, inevitavelmente, contribua para providenciar um ar de choque a "The Apprentice", afinal, como exclamam (corretamente) muitos dos materiais promocionais ...

"Flow - À Deriva" ("Straume"), de Gints Zilbalodis

Não devemos ter medo de exaltar aquilo que nos parece "personificar", por assim dizer, um ideal de perfeição. Consequentemente, proclamo-o, sem medos, sem pudores, "Flow - À Deriva", do letão Gints Zilbalodis é um dos melhores filmes do século XXI. Um acontecimento estarrecedor, daqueles que além de anunciar um novo autor, nos providencia a oportunidade rara, raríssima de experienciar "cinema puro". O conceito é simultaneamente simples e complexo. Essencialmente, entramos num mundo que pode ou não ser o nosso, onde encontramos apenas natureza, há resquícios do que pode, eventualmente, ter sido intervenção humana, mas, permanecem esquecidos, abandonados, nalguns casos, até consumidos pela vegetação. Um dia, um gato, solitário por natureza, é confrontado com um horripilante dilúvio e, para sobreviver, necessita de se unir a uma capivara, um lémure-de-cauda-anelada e um cão. Segue-se uma odisseia épica, sem diálogos, onde somos convidados (os dissidentes, cas...

"Oh, Canada", de Paul Schrader

Contemporâneo de Martin Scorsese, Steven Spielberg e Francis Ford Coppola, Paul Schrader nunca conquistou o estatuto de "popularidade" de nenhum desses gigantes... e, no entanto (ou, se calhar, por consequência de), é, inquestionavelmente, o mais destemido. Em 1997, "Confrontação", a sua 12ª longa-metragem, tornou-se num pequeno sucesso, até proporcionou um Óscar ao, entretanto, falecido James Coburn. Acontece que, o mediatismo não o deslumbrou, pelo contrário, Schrader tornou-se num cineasta marginal, aberto às mais radicais experiências (a título de exemplo, mencionemos "Vale do Pecado", com Lindsay Lohan e James Deen). Uma das personas mais fascinantes do panorama cultural norte-americano, parecia ter escolhido uma espécie de exílio, até que, "No Coração da Escuridão", de 2017, o reconciliou com o público. Aliás, o filme representou o início de uma espécie de trilogia, completada por "The Card Counter: O Jogador", em 2021, e "O ...