Crítica: "Cenas de Família", de Jason Bateman
Título Original: "The Family Fang"
Realização: Jason Bateman
Argumento: David Lindsay-Abaire
Elenco: Jason Bateman, Nicole Kidman, Christopher Walken, Kathryn Hahn
Género: Comédia, Drama, Mistério
Duração: 107 minutos
País: EUA
Ano: 2015
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 21/07/2016
Título Original: "The Family Fang"
Realização: Jason Bateman
Argumento: David Lindsay-Abaire
Elenco: Jason Bateman, Nicole Kidman, Christopher Walken, Kathryn Hahn
Género: Comédia, Drama, Mistério
Duração: 107 minutos
País: EUA
Ano: 2015
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 21/07/2016
Crítica: Quem diria que um dos melhores títulos deste verão cinematográfico (época que, tantas vezes, associamos única e exclusivamente aos blockbusters de super-heróis), seria um drama emocionalmente complexo e, deveras fascinante sobre os limites da arte e, as muitas convulsões do crescimento? Ninguém, porventura, mas aí está "Cenas de Família" para provar que ainda existem filmes, verdadeiramente, inesperados. E, esse será mesmo o melhor termo para descrever aquilo que Jason Bateman conseguiu criar nesta sua nova longa-metragem enquanto cineasta (apenas a sua segunda, importa notar). Afinal, não é todos os dias que temos a sorte de nos deparar com um objeto tão pessoal, desafiante e humano como este. Trata-se da história de dois irmãos, ela uma atriz numa fase difícil da carreira (acaba de ser substituída no seu próprio franchise de super-heróis, além de que começam a escassear as ofertas de bons papéis), ele um escritor em bloqueio criativo (o primeiro livro foi um êxito, mas tudo indica que as coisas não correram muito bem depois disso), que regressam à casa onde passaram a sua infância e, se veem forçados a conviver com os pais, dois artistas de performance pública altamente pretensiosos e egocêntricos, com quem mantêm uma relação fria e distante. Acima de tudo, dir-se-ia, que o realizador decidiu regressar aos temas que já marcavam a sua obra anterior ("Palavrões", originária de 2013), nomeadamente, as convulsões do crescimento e, o efeito que os pecados, por assim dizer, dos pais têm no futuro dos filhos e, em torno deles construiu um filme distinto, mais adulto e melancólico (que, apesar de tudo vai conseguindo estabelecer um diálogo perfeito com o seu antecessor), em que se desconstroem e analisam as relações humanas e, se discutem os limites e importância da arte, sem nunca cair em lamechices ou ataques de pretensiosismo, bem pelo contrário, aquilo que Bateman nos mostra é uma pequena obra-prima, nostálgica (aliás, a própria mise en scène parece querer evocar esse sentimento) e tocante, que é também uma grande lição de vida.
Texto de Miguel Anjos
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