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Crítica: "Estado Livre de Jones", de Gary Ross



Título Original: "Free State of Jones"
Realização: Gary Ross
Argumento: Gary Ross
Elenco: Matthew McConaughey, Gugu Mbatha-Raw, Mahershala Ali
Género: Ação, Biografia, Drama
Duração: 139 minutos
País: EUA
Ano: 2016
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 30/06/2016


Crítica: Gary Ross está quase a fazer 60 anos e, ainda só assinou quatro longas-metragens. Mas, quantidade e qualidade são duas coisas bem distintas e, a falta de um número mais elevado de títulos na sua filmografia, não impede que Ross seja um dos realizadores mais curiosos e, acima de tudo, versáteis dos nossos dias (estamos a falar do mesmo homem, que se pode gabar de ter estado por detrás de projetos tão diversos quanto o altamente experimental "Pleasantville - A Viagem ao Passado" e um blockbuster de massas, como o primeiro capítulo da saga "The Hunger Games"). Agora, está de regresso às salas com um filme verdadeiramente épico, que relata a história verídica de Newton Knight (impecável Matthew McConaughey), um fazendeiro que desertou da Guerra Civil Americana, e uma vez em casa no Condado de Jones, no Mississipi, liderou um grupo de agricultores locais, escravos fugitivos e outros desertores como ele, numa rebelião armada contra as forças do Sul, que confiscavam haveres, colheitas e animais aos habitantes da região. Estamos, de facto, perante, um filme brilhante que se propõe a examinar a herança da Guerra Civil, através de uma abordagem inspirada, que nos transporta para este cenário com eficácia, ao mesmo tempo, que desafia os nossos conhecimentos acerca dele. Resultando assim, num excelente "pedaço" de entretenimento adulto, que tem tanto de empolgante como de pedagógico. Um dos grandes acontecimentos deste verão, portanto.

Texto de Miguel Anjos

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