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Crítica (MOTELX 2016): "Psiconautas, Los Niños Olvidados", de Alberto Vázquez e Pedro Rivero



Título Original: "Psiconautas, Los Niños Olvidados"
Realização: Alberto Vázquez, Pedro Rivero
Argumento: Alberto Vázquez, Pedro Rivero
Elenco (Vozes): Andrea Alzuri, Eba Ojanguren, Josu Cubero, Jon Goiri
Género: Animação, Drama, Ficção-Cientifica, Terror
Duração: 76 minutos

Crítica: Birdboy, desprezado por todos aqueles que o rodeiam e incansavelmente caçado por um polícia cruel e o seu jovem parceiro e, Dinky à procura da felicidade nos sonhos e nos comprimidos, decidem fugir de uma ilha devastada por uma catástrofe ecológica. Ele quer isolar-se do mundo, encontrar a paz e controlar o demónio que vive dentro dele, na solidão. Ela, farta da realidade opressiva em que vive, planeia fugir para um lugar melhor e, mantém a esperança que Birdboy, o amor da sua vida, saia da reclusão e se junte a ela. Graficamente lindíssimo, "Psiconautas, Los Niños Olvidados" foi um dos mais aterradores títulos a passar no festival este ano, não pelos sustos ou pelas sequências chocantes, mas pela história que conta e, porventura ainda mais importante, a forma como o faz. Alberto Vázquez e Pedro Rivero (este último, presente no festival), compõem em apenas setenta e seis minutos de duração uma narrativa emocional e ideologicamente complexa capaz de abarcar temas tão diversos e socialmente relevantes como a depressão, a marginalidade, a toxicodependência, o fanatismo religioso e a perda, sempre com uma delicadeza ímpar. No final, saímos com um peso incomensurável no coração, mas gratos pelo inesquecível momento que acabamos de passar.

Filme Visionado em MOTELX 2016

Texto de Miguel Anjos

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