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Crítica: "O Sr. Perfeito", de Paco Cabezas


Título Original: "Mr. Right"
Realização: Paco Cabezas
Argumento: Max Landis
Elenco: Sam RockwellAnna KendrickTim Roth
Género: Ação, Comédia, Romance
Duração: 90 minutos
País: EUA
Ano: 2015
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/14
Data de Estreia (Portugal): 01/09/2016

Crítica: Max Landis, um dos melhores e mais singulares argumentistas do panorama atual (são da sua autoria os guiões de títulos de excelência como "Crónica" ou "American Ultra: Agentes Improváveis"), escolheu o sevilhano Paco Cabezas para adaptar aquele que havia sido o primeiro argumento que escreveu (ainda que tenham sido necessários mais de seis anos para que o projeto recebesse luz verde, levando a que muitos outros trabalhos seus tenham sido completados e lançados entretanto), por ter ficado apaixonado pela terceira longa-metragem deste espanhol (um filme de culto incrível e muito pouco conhecido por cá, chamado "Carne de Néon"). E, parece ter feito a escolha acertada, pois desta parelha nasceu uma das mais prazerosas fitas do ano: "O Sr. Perfeito", uma hilariante e subversiva comédia romântica, que acompanha a história de amor entre uma rapariga hiperativa (a adorável Anna Kendrick), a recuperar de uma relação falhada e um assassino profissional (Sam Rockwell, brilhante como sempre), que desenvolve uma consciência e, no processo um código moral (sendo "matar é errado", nas suas próprias palavras, o mais importante dado do mesmo), que o leva a começar a matar os seus contratantes. Uma premissa que tem tanto de bizarra como de inspirada, que nas talentosas mãos de Landis (novamente, a mostrar uma predileção por histórias centradas em personagens fortes) e Cabezas (uma boa surpresa, conseguindo encenar um par de cenas memoráveis) resulta numa comédia romântica hilariante e altamente subversiva, com excelentes e elaboradas sequências de ação, combinadas com um imaculado sentido de humor. E, claro está ter um elenco onde se incluem nomes com Tim Roth, James Ransone, RZA (uma surpresa cómica este último) e Michael Eklund (isto já para não falar na dupla de protagonistas e, na química explosiva que partilham) ajuda sempre. Uma pérola!

Texto de Miguel Anjos

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