Avançar para o conteúdo principal
Crítica: "O Guarda-Costas e o Assassino" ("The Hitman's Bodyguard"), de Patrick Hughes



Patrick Hughes é muito claramente um apaixonado pelo cinema de ação clássico dos anos 80/90, permanentemente tentando incorporar elementos dos mais emblemáticos filmes do período em questão, nos seus. No entanto, nem sempre o tem conseguido fazer da maneira mais consistentemente interessante e, nesse sentido, O Guarda-Costas e o Assassino (em estreia, esta semana) quase parece assumir-se como uma tentativa de alcançar "redenção" aos olhos dos fãs do género, que encararam a sua última realização como uma gigantesca desilusão (falamos obviamente do subvalorizado Os Mercenários 3). E, aqui valerá a pena não entrarmos com ilusões, não estamos perante um objeto cinematográfico fascinante ou revolucionário, apenas uma simpática comédia de ação, elevada por uma belíssima dupla de atores, Ryan Reynolds e Samuel L. Jackson, que partilham uma química quase tangível e possuem o carisma necessário, para carregar uma fita como estas "às costas". Isto, aliado a um sentido de humor permanentemente eficaz e, um par de impressionantes sequências, especialmente uma situada numa loja de ferragens, extraordinariamente coreografadas e, temos uma excelente filme pipoca para fechar o verão em beleza.


Realização: Patrick Hughes
Argumento: Tom O'Connor
Género: Comédia, Ação

Duração: 118 minutos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

CRÍTICA - "THE APPRENTICE - A HISTÓRIA DE TRUMP"

"The Apprentice", em Portugal, acompanhado pelo subtítulo "A História de Trump", tornou-se num dos filmes mais mediáticos do ano antes de ser revelado ao público, em maio, no Festival de Cannes, "poiso" habitual do seu autor, o iraniano-sueco-dinamarquês Ali Abbasi. De facto, os tabloides tiveram muito por onde pegar, houve um apoiante de Donald Trump que, inconscientemente, terá sido um dos financiadores de "The Apprentice" (só podemos especular que terá assumido que o filme se tratava de uma hagiografia, de pendor propagandístico), a campanha de boicote que Trump e a sua comitiva lançaram contra o filme, a dificuldade de encontrar um distribuidor no mercado norte-americano (nenhum estúdio quer ter um possível Presidente como inimigo), etc. A polémica vale o que vale (nada), ainda que, inevitavelmente, contribua para providenciar um ar de choque a "The Apprentice", afinal, como exclamam (corretamente) muitos dos materiais promocionais ...

"Flow - À Deriva" ("Straume"), de Gints Zilbalodis

Não devemos ter medo de exaltar aquilo que nos parece "personificar", por assim dizer, um ideal de perfeição. Consequentemente, proclamo-o, sem medos, sem pudores, "Flow - À Deriva", do letão Gints Zilbalodis é um dos melhores filmes do século XXI. Um acontecimento estarrecedor, daqueles que além de anunciar um novo autor, nos providencia a oportunidade rara, raríssima de experienciar "cinema puro". O conceito é simultaneamente simples e complexo. Essencialmente, entramos num mundo que pode ou não ser o nosso, onde encontramos apenas natureza, há resquícios do que pode, eventualmente, ter sido intervenção humana, mas, permanecem esquecidos, abandonados, nalguns casos, até consumidos pela vegetação. Um dia, um gato, solitário por natureza, é confrontado com um horripilante dilúvio e, para sobreviver, necessita de se unir a uma capivara, um lémure-de-cauda-anelada e um cão. Segue-se uma odisseia épica, sem diálogos, onde somos convidados (os dissidentes, cas...

"Oh, Canada", de Paul Schrader

Contemporâneo de Martin Scorsese, Steven Spielberg e Francis Ford Coppola, Paul Schrader nunca conquistou o estatuto de "popularidade" de nenhum desses gigantes... e, no entanto (ou, se calhar, por consequência de), é, inquestionavelmente, o mais destemido. Em 1997, "Confrontação", a sua 12ª longa-metragem, tornou-se num pequeno sucesso, até proporcionou um Óscar ao, entretanto, falecido James Coburn. Acontece que, o mediatismo não o deslumbrou, pelo contrário, Schrader tornou-se num cineasta marginal, aberto às mais radicais experiências (a título de exemplo, mencionemos "Vale do Pecado", com Lindsay Lohan e James Deen). Uma das personas mais fascinantes do panorama cultural norte-americano, parecia ter escolhido uma espécie de exílio, até que, "No Coração da Escuridão", de 2017, o reconciliou com o público. Aliás, o filme representou o início de uma espécie de trilogia, completada por "The Card Counter: O Jogador", em 2021, e "O ...