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Crítica: The Equalizer - Sem Misericórdia (The Equalizer), Antoine Fuqua

                                                           

Depois de ter realizado um filme de sucesso (Assalto à Casa Branca), no qual ninguém apostava Antoine Fuqua "atira-se" agora à já muito adiada (o projeto já anda a circular em Hollywood há vários anos) adaptação cinematográfica de "The Equalizer", uma popularíssima série americana dos anos 80. Ora e se as adaptações de séries televisivas ao grande ecrã não são conhecidas pela sua qualidade (exceção feita a "Os Intocáveis" e a saga "Missão Impossível"), esta nova obra de Fuqua contraria essa tendência pela positiva e apresenta-se como um dos melhores títulos do seu género estreados este ano.
A história que aqui serve como base é de uma simplicidade e classicismo enormes, porém é tão bem trabalhada que de imediato se torna brilhante e isso nota-se desde o início onde o cineasta começa por desenvolver o seu herói de forma meticulosa e até algo genial, pondo-nos em contacto com os seus problemas, os seus traumas e as suas alegrias, fazendo de Robert McCall um excelente protagonista, especialmente nas mãos de Denzel Washington, que aqui lhe providencia uma "alma extra" tornando-o em algo mais do que um simples "durão".
Sendo que tudo isto nos serve de "preparação" para uma divinal segunda parte permeada de uma tensão palpável e sequências de ação que espantam pela sua brutalidade e realismo.
Porém, se é que existe algum defeito na obra seria a forma como McCall começa a parecer quase super-humano sendo capaz de antecipar cada golpe, de derrotar cada inimigo na reta final, roubando assim algum suspense à trama.
No entanto, isso não muda que "The Equalizer - Sem Misericórdia" seja um thriller electrizante, que entretém como poucos.
9/10

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