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A mostrar mensagens de novembro, 2023

CRÍTICA - "ÁCIDO"

Em "A Nuvem dos Gafanhotos" , de 2021, a primeira longa-metragem de Just Philippot , os humanos eram vítimas dos avanços predatórios da natureza. Dois anos depois, Philippot regressa com um filme em tudo diferente, por um lado, porque é mais "caloroso", à falta de um melhor termo, um contraponto ideal à frieza da "Nuvem" , por outro, porque chega às salas de cinema, não muitas é certa, mas, entre a sua passagem pelo MOTELX , foi o "Filme de Encerramento" da 17ª edição do certame, e os 12 multiplexes que o exibirão, já estamos muito melhor do que estávamos quando "A Nuvem dos Gafanhotos" foi abandonado à sua sorte na Netflix , sem pompa, nem circunstância. "Ácido" começa como um filme político (se calhar, até é...), com um motim numa fábrica. A "liderar" os trabalhadores descontentes, está Michal ( Guillaume Canet ), que, não demoramos a saber viu a sua vida reduzida a cacos depois do sucedido. Divorciou-se, perdeu

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CRÍTICA - "O MESTRE JARDINEIRO"

Quem conhecer o cinema de  Paul Schrader , certamente, reconhecerá nele um "autor obsessivo". Pleonasmo? Quiçá, no entanto,  Schrader  é mesmo um caso à parte. Em 2017, saído de um punhado de insucessos financeiros que, de alguma forma, o colocaram numa posição enfraquecida, pelo menos, no seio da indústria,  Schrader  abandonou as pequenas "experiências" em que andava a trabalhar (nomeadamente, títulos como  "The Canyons"  ou  "Dog Eat Dog" , onde trazia à série B, de raíz "trashy", um certo travo autoral, com resultados tremendamente interessantes, que, infelizmente, passaram ao lado de quase toda a gente) e montou um projeto que tinha qualquer coisa de culminar de carreira, chamava-se  "No Coração da Escuridão" ,  "First Reformed"  no original. Nele, aplicava os códigos, ou melhor, os mandamentos do chamado "Estilo Transcendental", por ele teorizado (além de argumentista e cineasta,  Schrader  é também u

CRÍTICA - "O PUB THE OLD OAK"

Quando se fala no cinema de  Ken Loach , nunca nos esquecemos de mencionar a política, de o reconhecer como um "cineasta de combate político". Tecnicamente, tudo correto, as crenças de  Loach , a sua consciência do que é "certo" e "errado", "justo" e "injusto", são indissociáveis das histórias que decide contar e, naturalmente, da maneira como as conta. Afinal, já dizia  Manoel de Oliveira  que filmar implica assumir, simultaneamente, uma posição estética e ética. No entanto, nunca parece correto "reduzir"  Loach  à condição de "homem da esquerda". Ele assumi-la-ia, mas, o que salta à vista no seu trabalho, mais que qualquer vontade de disseminar algum tipo de pensamento, político ou não, é o seu humanismo militante, a vontade, ou melhor, a necessidade de fazer cinema à medida do homem comum, capaz de dar conta do seu quotidiano, com uma empatia que aparenta não ter limites. No cinema de  Loach , encontramos o melhor

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CRÍTICA - "JEANNE DU BARRY - A FAVORITA DO REI"

"Jeanne du Barry" , entre nós, acompanhado pelo subtítulo  "A Favorita do Rei" , vem envolto em "ruído mediático". A "polícia da moral e dos bons costumes" defende que, ao selecionar  Johnny Depp  para interpretar o Rei Luís XV,  Maïwenn  se tornou cúmplice dos crimes do ator norte-americano, que, entretanto,  Depp  tenha sido inocentado em tribunal de ditos crimes, naturalmente, não importa a ninguém. Porque vivemos num mundo governado pelos impulsos medievais de quem torna as redes sociais no esgoto da sociedade, cada passo da carreira do filme, da sua passagem no Festival de Cannes ao lançamento comercial nas salas de cinema francófonas (a hostilidade do clima pós-#MeToo, parece indicar que  "Jeanne du Barry"  possa saltar as salas no mercado norte-americano e ser atirado diretamente para o  homevideo , de modo a evitar mais burburinho negativo em torno do seu coprotagonista), portanto, o melhor é mesmo baixar esse "ruído",

CRÍTICA - "REINO ANIMAL"

"Reino Animal" , a segunda longa-metragem de  Thomas Cailley , começa com um engarrafamento. François ( Romain Duris ) e o filho, Émile ( Paul Kircher ), discutem um com o outro num dos muitos carros imobilizados. Émile, furioso, sai do carro e, consequentemente, François vai atrás dele. Subitamente, uma ambulância parada um pouco mais à frente começa a baloiçar. Num ápice, os enfermeiros são disparados para fora por um homem-pássaro que foge por entre os prédios. É um momento, de uma assentada, surpreendente, intenso e rocambolesco, que se torna, particularmente, divertido quando François e Émile, embasbacados, deparam com um outro automobilista apanhado no engarrafamento, que se vira para eles e lhes diz algo como "que mundo este não?". Ainda nem 10 minutos passaram e  Cailley , engenhosamente, já lançou o conceito do seu filme. Isto é, entramos num mundo alternativo, uma espécie de espelho distorcido da nossa realidade quotidiana, onde uma onda de mutações transf