Reencontrar Almodóvar é sempre um prazer irrecusável. No entanto, convenhamos que "Mães Paralelas" não tinha uma tarefa simples pela frente, afinal, como seguir um triunfo como fora "Dor e Glória" (2019), para muitos, entre os quais nos incluímos, um dos mais extraordinários títulos de toda a filmografia do cineasta manchego? Pois bem, com um filme que é simultaneamente uma reinvenção e um prolongamento de uma das mais singulares carreiras do panorama cinematográfico mundial, seja ele contemporâneo ou não. De imediato, entramos no universo interior de duas mulheres, Janis (resplandecente Penélope Cruz, como só mesmo Almodóvar consegue filmar) e Ana (a revelação Milena Smith, a comprovar que a sua performance explosiva em "No Matarás" não fora um mero golpe de sorte), as duas conhecem-se no quarto de hospital onde vão dar à luz, nenhuma tem um companheiro à seu lado (a sombra dos homens e da sua ausência é também um tema fundamental do filme), levando-os a