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A mostrar mensagens de setembro, 2020
  "Summerland", de Jessica Swale Aquando do lançamento de “O Caso Collini” , no princípio do mês, falávamos da capacidade que as mais variadas expressões artísticas tem demonstrado para continuar a manter viva a memória da Segunda Guerra Mundial. “Summerland” , a primeira longa-metragem da dramaturga Jessica Swale enquanto cineasta, encontra as suas raízes nessa linhagem. Desta vez, não andamos pela Alemanha do início do século XXI, mas sim em Kent, um pacato vilarejo no interior britânico, durante o mesmo período em que a capital continuava a ser bombardeada pelos nazis diariamente. É nesse “ninho” rural que conhecemos Alice Lamb (Gemma Artenton), uma mulher independente que rejeita os costumes e crenças dos vizinhos, dedicando o seu quotidiano a investigar e desmascarar mitos, recorrendo a conhecimentos científicos para refutar mitos. No entanto, a vida de Alice é assombrada pelas memórias dolorosas de um caso amoroso que terminou precocemente. Acontece que, essa rotina sol
  "Verão de 85", de François Ozon François Ozon é um cineasta francamente desconcertante, no melhor sentido entenda-se. De facto, é impossível encerrá-lo em qualquer padrão temático, tal é a maneira como a sua obra vai ziguezagueando por entre as referências mais variadas. Afinal, ele é autor de “Potiche – Minha Querida Mulherzinha” (2010) , comédia burlesca sobre o machismo em todo o seu negrume, mas é também, por exemplo, o arqueólogo cultural que ousou assinar “Graças a Deus” (2018) , um contundente retrato de um caso verídico de pedofilia no seio da Igreja Católica que irritou muita gente. Resumindo, Ozon parece mesmo ser um cineasta desprovido de medos, que se encontra disposto a experimentar os formatos mais inesperados para abordar os temas que lhe interessam. Em “Verão de 85” deparamos com uma ideia que circula por toda a sua obra. Isto é, a descoberta eufórica do amor e da sexualidade. Assim, conhecemos dois rapazes (maravilhosamente encarnados por Félix Lefebvre e
  Destaque da Semana: Outras Estreias: Em Reposição: (Exclusivo Medeia Filmes)
"A Vida Extraordinária de Copperfield", de Armando Iannucci A literatura de Charles Dickens continua a ser transposta para cinema e “A Vida Extraordinária de Copperfield” conta-se certamente entre as melhores adaptações da sua obra. Desde logo, porque Armando Iannucci não se preocupa minimamente com a opinião dos puristas e tem a ousadia (e o engenho) de tomar decisões “fora da caixa”, que não se enquadram nos cânones demasiado tradicionais dos melodramas de época que os britânicos andam a produzir. Seja na inclusão de um sentido de humor anarca que contagia todos os intervenientes ou pela exuberante cenografia. Se tantas vezes as adaptações de clássicos literários pecam pela falta de objetivos claros, que não sejam apenas o aproveitamento financeiro da popularidade uma obra bem reputada, a incursão de Iannucci pelo universo dickensiano revela-se um verdadeiro deleite, conseguindo mesmo encontrar a comédia até na tragédia e argumentando, com eloquência e vigor, que a vida nã
"O Segredo do Refúgio", de Dave Franco O cinema de terror já nos providenciou inúmeras lições valiosas. Já aprendemos a nunca procriar, visto que as crianças se parecem sempre revelar como serial killers de pequena estatura, demónios ou a reencarnação do Anticristo. Já nos ensinaram que nunca devemos entrar em locais abandonamos e, acima de tudo, já nos disseram que nunca, em circunstância alguma, devemos marcar um fim-de-semana “relaxante” longe da civilização, porque o resultado será um embate com um perigoso psicopata mascarado. “O Segredo do Refúgio” , a primeira longa-metragem de Dave (irmão de James) Franco não contraria esse preceito, no entanto, tem inteligência suficiente para brincar com ele. Nele, conhecemos quatro personagens. Mina (Sheila Vand), parceira de trabalho de Charlie (Dan Stevens), casado com Michelle (Allison Brie), e namorada de Josh (Jeremy Allen White), o irmão menos bem-sucedido de Charlie. Imediatamente, Franco e o seu coargumentista Joe Swanberg
  Destaque da Semana: Outras Estreias: Em Reposição: (Exclusivo Medeia Filmes)
  "Regresso a Itália", de James D'Arcy “Busca Implacável” auxiliou Liam Neeson a reinventar-se como protagonista de thrillers de ação. Desde então, já o vimos a dispensar pancadaria em mafiosos ( “Noite em Fuga” ), terroristas ( “Non-Stop” ), assassinos em série ( “O Caminho Entre o Bem e o Mal” ) e até lobos esfomeados ( “The Grey – A Presa” ). No entanto, às vezes, essa oferta pode conduzir o público a esquecer que os talentos de Neeson vai muito além da capacidade de nos convencer que um homem de 68 anos seria capaz de derrotar qualquer adversário (o que, convenhamos, já é mesmo uma proeza impressionante). Exemplo modelar disso mesmo é “Regresso a Itália” , primeira longa-metragem do também ator James D'Arcy enquanto realizador, em que Neeson encarna um pintor boémio que regressa a Itália com o filho, Jack (Micheál Richardson), de quem se distanciara, com o objetivo de vender rapidamente a casa que herdaram da falecida esposa deste. Mas nenhum estava preparado par
"Em Fúria", de Derrick Borte Um desaguisado menor sobre etiqueta no trânsito torna-se num sanguinolento combate automobilístico no novo filme de Derrick Borte, realizador de " Uma Família com Etiqueta" e " London Town" . Quem acompanhar a atualidade norte-americana certamente reconhecerá que o país do Tio Sam se encontra numa encruzilhada. As discordâncias entre Democratas e Republicanos começam a assumir contornos irresolúveis. As ruas tornaram-se no palco para verdadeiras batalhas urbanas entre os manifestantes e a polícia que rotineiramente terminam com a morte de intervenientes de ambos os lados. Isto, já para não mencionar o infindável debate em torno da validade ou invalidade da utilização de máscara em espaços públicos, cujos resultados continuam a ser surpreendentemente violentos. Ou seja, é o momento ideal para um thriller que nos vem convencer a pensar nos comportamentos antiéticos que se converteram em elementos comuns do quotidiano. E
"Roubaix, Misericórdia", de Arnaud Desplechin Outrora, uma prospera urbe industrial do norte de França, Roubaix é hoje uma das cidades mais problemáticas deste país. Altos índices de desemprego, pobreza e criminalidade todos contribuem para o estatuto decadente deste centro urbano, cuja população é composta por pessoas dos quatro cantos do mundo (encontraremos lá emigrantes europeus, do norte de África, etc.). No entanto, Roubaix é também o local de nascimento do realizador Arnaud Desplechin, onde ele voltou para rodar "Roubaix, Misericórdia" , um inebriante cruzamento de realismo social e policial que se conta entre os melhores momentos da sua carreira. As luzes natalícias que ornamentam as paredes, informam-nos da época do ano, contudo, os eventos a que vamos assistir nada têm a ver com o espírito da quadra. É a noite em que a maioria de nós costuma aproveitar para comer em família e partilhar prendas, mas os membros da esquadra local não têm mãos a medir
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"O Caso Collini", de Marco Kreuzpaintner É bem verdade que, nos mais diversos contextos de produção, a Segunda Guerra Mundial tem sido objeto de muitas e variadas revisitações. Este filme alemão será, por certo, um dos exemplos mais extremos, e também mais fascinantes, de tal processo. Porquê? Pois bem, porque o cineasta Marco Kreuzpaintner escolheu não encenar eventos situados durante esse período, mas sim compor uma narrativa que venha expor a herança desses tempos dantescos. Assim, acompanhamos a odisseia se Caspar Leinen (Elyas M'Barek). Um jovem e pouco experiente advogado que é incumbido de defender Fabrizio Collini (Franco Nero), um cidadão italiano, que assassinou um reputado industrial alemão a sangue frio. Ninguém entende o porquê desse ato tão violento, no entanto, a investigação de Leinen vai conduzi-lo a um labirinto de memórias de um passado em que ele próprio desempenhou um incauto papel... Adiantar mais detalhes sobre o desenvolvimento das peripé
"Radioativo", de Marjane Satrapi Quem conhecer os títulos anteriores de Marjane Satrapi talvez fique surpreendido de a encontrar aos comandos de um filme tão convencional como Radioativo. Afinal, já não víamos desde o lançamento de "As Vozes" , onde colocava um Ryan Reynolds solitário e psicótico, a lidar com os conselhos pacifistas de um cão pachorrento e os comentários sádicos de um gato anarca. À semelhança de toda a obra da cineasta iraniana, era uma experiência única que nos convocava para uma dimensão simultaneamente burlesca e humanista que o cinema nem sempre tem coragem de penetrar. Infelizmente, não é o caso do relativamente tradicional "Radioativo" , retrato biográfico da segunda metade da vida da cientista Marie Curie (encarnada por Rosamund Pike). No entanto, não é sinal para desespero, visto que mesmo que reconheçamos que este não é um ponto alto na carreira das autoras mais singulares do panorama contemporâneo, "Radioativo&q
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