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A mostrar mensagens de junho, 2023

DESTAQUE DA SEMANA

"A Tempo Inteiro" ("À Plein Temps"), de Éric Gravel OUTRAS ESTREIAS: "Indiana Jones e o Marcador do Destino" ("Indiana Jones and the Dial of Destiny"), de James Mangold "Ruby - Kraken Adolescente" ("Ruby Gillman, Teenage Kraken"), de Kirk DeMicco, Faryn Pearl "Légua", de Filipa Reis e João Miller Guerra A 30/06/2023: "Nimona", de Nick Bruno e Troy Quane (Exclusivo NETFLIX)

CRÍTICA - "ASTEROID CITY"

Acontece aos melhores. Em  "Asteroid City" ,  Wes Anderson  sublima a sua linguagem fílmica. Como? Levando-a ao limite. À 11ª longa-metragem,  Anderson  volta a cultivar um mundo que é, simultaneamente, alheio à realidade e irremediavelmente próximo dela. Como sempre, mergulhamos num mundo artificialmente autêntico, como acontecia no cinema clássico norte-americano (ou, mais recentemente, nos filmes de  Jacques Demy  ou  Roy Andersson ). Assim é "o método  Anderson ", replicando a iconografia de um determinado "tempo e espaço" e ressuscitando-a. Em  "Asteroid City" , o tempo são os anos 50, o espaço, a América interior e a iconografia desdobra-se entre a música country, as memórias dos westerns, os cartoons de Tex Avery, a nova dramaturgia da época (com Tennessee Williams na chamada "ponta-de-lança"). Encontramo-nos em 1955. Um apresentador ( Bryan Cranston ), cujo nome nunca conheceremos, conduz um programa televisivo dedicado a "

CRÍTICA - "OS DEMÓNIOS DO MEU AVÔ"

O ano de 1923 marca, simbolicamente, o início da história da animação portuguesa, com a estreia de  "O Pesadelo de António Maria" , de  Joaquim Guerreiro , primeiro no Cine Teatro Éden, em Lisboa, a 25 de janeiro, pouco depois, a 20 de fevereiro, no Águia d'Ouro, no Porto. Consequentemente, em 2023, comemoramos o centenário da animação portuguesa. Por coincidência, a data coincide com um momento pujante para quem faz esse tipo de cinema por cá.  "Ice Merchants" , de  João Gonzalez , tornou-se na primeira produção lusitana a conquistar uma nomeação para os Óscares no início de 2023 e, agora, chega finalmente (!) às salas,  "Os Demónios do Meu Avô" , de  Nuno Beato , depois de um longuíssimo (e prestigiante) percurso no circuito internacional de festivais. Trata-se da primeira incursão do cinema português na animação  stop motion  (isto é, animação de volumes, fotograma a fotograma, como o faz, a título de exemplo, a britânica  Aardman  nas aventuras da

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"Asteroid City", de Wes Anderson OUTRAS ESTREIAS: "Os Demónios do Meu Avô", de Nuno Beato "Tudo na Boa!" ("No Hard Feelings"), de Gene Stupnitsky "A Fúria de Becky" ("The Wrath of Becky"), de Matt Angel, Suzanna Coote "Nunca Chove na Califórnia" ("Palm Trees and Power Lines"), de Jaime Dack (Exclusivo Filmin) "Então... e o Amor?" ("What's Love Got To Do With It?"), de Shekhar Kapur "Cidade Rabat", de Susana Nobre "A Viagem do Rei", de João Pedro Moreira, Roger Mor (Exclusivo Cinema Ideal) "Elfriede Jelinek – Die Sprache Von Der Leine Lassen", de Claudia Müller (Exclusivo Cinema Ideal)

CRÍTICA - "O MEU PAI É UM PERIGO"

Sebastian Maniscalco  é um dos comediantes norte-americanos mais populares da contemporaneidade. Em Portugal, conhecemo-lo apenas como uma personagem secundária em títulos como  "Green Book - Um Guia Para a Vida" ,  "O Irlandês"  ou  "Super Mario Bros. - O Filme" , sendo  "O Meu Pai é um Perigo"  a nossa primeira oportunidade de entrar em contacto com a faceta cómica que lhe tem permitido esgotar arenas de norte a sul nos EUA. À semelhança do seu stand up,  Maniscalco , que é descendente de imigrantes sicilianos, encontra nas especificidades da comunidade italo-americana o motor humorístico desta fita de inspiração autobiográfica, em que o comediante nos conta como correu o primeiro embate entre o seu pai, Salvo ( Robert De Niro ), um cabeleireiro, tremendamente orgulhoso das suas origens humildes, e os sogros ( David Rasche  e  Kim Cattrall ), financeiramente abastados e politicamente conservadores. Segue-se uma comédia de usos e costumes, mais

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"Os Piores" ("Les Pires"), de Lise Akoka, Romane Gueret OUTRAS ESTREIAS: "The Flash", de Andy Muschietti "O Meu Pai é um Perigo" ("About My Father"), de Laura Terruso "A Maldição do Diabo" ("The Offering"), de Oliver Park "Dias em Chamas" ("Kurak Günler"), de Emin Alper "Ovos de Ouro - Uma Aventura em África" ("Un Rescate de Huevitos"), de Gabriel Riva Palacio Alatriste, Rodolfo Riva Palacio Alatriste A 16/06/2023: "Stan Lee", de David Gelb (Exclusivo Disney+) "Extraction 2", de Sam Hargrave (Exclusivo Netflix)

CRÍTICA - "THE QUIET GIRL - A MENINA SILENCIOSA"

Quando se anunciou a programação da 72ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim, ninguém reparou em "The Quiet Girl - A Menina Silenciosa" , primeira longa-metragem de Colm Bairéad . Haviam nomes mais sonantes no alinhamento ( Claire Denis , Paolo Taviani , Hong Sang-Soo , François Ozon , Dario Argento , Quentin Dupieux , etc.) e o seu posicionamento numa das secções menos mediáticas do certame (a Generation) não ajudou. No entanto, algo surpreendente aconteceu e o filme de Bairéad tornou-se num dos mais espantosos casos de passa-palavra do século XXI. Sem um único nome reconhecível na ficha técnica, "The Quiet Girl" acabou por fazer um percurso tremendamente impressionante, que culminou numa nomeação para o Óscar de Melhor Filme Internacional, uma primeira vez para uma produção irlandesa, possibilitada pela decisão de Bairéad de colocar os atores a utilizar quase exclusivamente o dialeto gaélico local, consequentemente, fazendo dele "um filme d

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"The Quiet Girl - A Menina Silenciosa" ("An Cailín Ciúin"), de Colm Bairéad OUTRAS ESTREIAS: "Transformers: O Despertar das Feras" ("Transformers: Rise of the Beasts"), de Steven Caple Jr. "Marlowe - O Caso da Loira Misteriosa" ("Marlowe"), de Neil Jordan "Terra de Deus" ("Vanskabte Land"), de Hlynur Pálmason

CRÍTICA - "PETITE FLEUR"

Quem é Santiago Mitre ? Para muitos, trata-se do mais importante cineasta argentino da contemporaneidade, no entanto, por cá, nunca tivemos como confirmar (ou desmentir) esse entusiasmo. "El Estudiante" , "Los Posibles" , "La Patota" e "La Cordillera" , os títulos que lhe renderam o cognome de " Michael Mann de Buenos Aires" permanecem inéditos no nosso mercado. Aliás, a primeira longa-metragem que pudemos conhecer de Mitre foi "Argentina, 1985" , uma produção da Amazon Prime Video, que conquistou uma nomeação para o Óscar de Melhor Filme Internacional. Agora, a Leopardo Filmes dá início à chamada silly season com "Petite Fleur" , o filme que fez antes de "Argentina, 1985" e que marcou a primeira "aventura" de Mitre fora do seu país natal. Trata-se de um "objeto" inclassificável e, consequentemente, fascinante, a meio-caminho entre "Ensaio de um Crime" , de Luis Buñuel ,

CRÍTICA - "FARTA DE MIM MESMA"

Kristoffer Borgli possui uma sensibilidade muito particular, podemos aproximá-lo de cineastas como Yorgos Lanthimos , Ruben Östlund , Rick Alverson ou até David Cronenberg , no entanto, é impossível confundi-lo com qualquer um dos supracitados. O seu cinema é anárquico, rocambolesco e crudelíssimo, mas, mantém sempre um ar lúdico que é, alternadamente, desconcertante e perturbante. Em "Farta de Mim Mesma" , Borgli introduz-nos a Signe ( Kristine Kujath Thorp ) e Thomas ( Eirik Sæther ), dois egomaníacos que sentem a necessidade de competir constantemente pela atenção de quem os rodeia. Um dia, a carreira de Thomas providencia-lhe "algum" sucesso (Signe, naturalmente, é a primeira a menorizar a sua conquista), levando a sua conjugue a tomar medidas extremas para sair do anonimato... Revelar exatamente a que "solução" Signe recorre é um spoiler particularmente imperdoável, porque um dos principais trunfos de "Farta de Mim Mesma" é a forma Borgl

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"Farta de Mim Mesma" ("Syk Pike"), de Kristoffer Borgli OUTRAS ESTREIAS: "Petite Fleur", de Santiago Mitre (Exclusivo Medeia Filmes) "Homem-Aranha: Através do Aranhaverso" ("Spider-Man: Across the Spider-Verse"), de Joaquim dos Santos, Kemp Powers, Justin K. Thompson "Boogeyman", de Rob Savage "Nas Margens" ("En Las Márgenes"), de Juan Diego Botto "Aos Nossos Filhos", de Maria de Medeiros "Super Natural", de Jorge Jácome "Eneida", de Heloísa Passos

CRÍTICA - "OS FILHOS DOS OUTROS"

"Os Filhos dos Outros" , a quinta longa-metragem de Rebecca Zlotowski , é um filme "desconcertante", no melhor sentido. Inicialmente, o tom é leve, levíssimo, encenando o começo do relacionamento amoroso entre as personagens centrais, como se de uma comédia romântica se tratasse, veja-se, a título de exemplo, a abordagem descomplexada de Zlotowski ao erotismo, permitindo-lhe mesmo que se confunda com o humor. No entanto, o avançar das peripécias vai introduzir uma melancolia que, a pouco e pouco, nos contagia e comove. Comecemos pelo princípio. Rachel ( Virginie Efira ), de 40 anos, é uma professora dedicada, que todos parecem admirar. Nunca foi mãe, ainda que sempre tenha acalentado esse sonho. Quando se apaixona pelo recém-divorciado Ali ( Roschdy Zem ), apega-se a Leila ( Callie Ferreira-Gonçalves ), a filha do novo companheiro, cuidando dela como se fosse sua... mas, não é, colocando Rachel numa posição tremendamente complexa e um tanto desconfortável. Leila nu