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A mostrar mensagens de outubro, 2021
DESTAQUE DA SEMANA: OUTRAS ESTREIAS:

"A Ilha de Bergman", de Mia Hansen-Løve

Costuma dizer-se que "original só o pecado"... Enfim, à semelhança de qualquer provérbio de raiz popular, podemos argumentar acerca da sua eventual validade ou falta dela, contudo, importa refletir sobre a maneira como tendemos a empregar esse naco de sabedoria popular. Afinal, tornou-se francamente comum deparar com discursos fatalistas de quem deixou de reconhecer qualquer mérito ao cinema contemporâneo, acusando-o de se limitar a tentar reanimar o passado por via de infindáveis sequelas, remakes e outras revisitações de toda a ordem (ignorando o fulgor criativo evidenciado por muitas dessas obras), no processo, esquecendo duas verdades primordiais: - Há, sempre houve e (se o cinema sobreviver à cultura nefasta do streaming ) continuarão a existir alternativas à produção dos grandes estúdios norte-americanos, quer da parte dos próprios EUA, quer dos restantes continentes, onde também se filma e, ao que parece, muito bem; - Mais que "originalidade", continua a have
DESTAQUE DA SEMANA: OUTRAS ESTREIAS:
"VENOM: TEMPO DE CARNIFICINA", DE ANDY SERKIS A crítica não morreu de amores pelo primeiro "Venom", aquando do seu lançamento em 2018), no entanto, o capítulo introdutório da franquia dedicada ao inimigo do Homem-Aranha, conquistou as bilheteiras de todo o mundo, arrecadando mais de 800 milhões de dólares, consequentemente, validando os planos da Sony para dar filmes a alguns anti-heróis da Marvel (segue-se "Morbius", com Jared Leto a interpretar a personagem titular). Entende-se, portanto, que uma sequela não tenha demorado a ser encomendada. Três anos depois, chegou o tempo de reencontrar Eddie Brock (Tom Hardy), o jornalista que se torna no hospedeiro de um alienígena viscoso e esfomeado. De imediato, importa destacar o essencial, "Venom: Tempo de Carnificina" representa uma melhoria significativa em relação ao seu predecessor. Novamente, Hardy é a maior força do filme, dando corpo ao neurótico Eddie (a meio caminho entre o Dante de "Cler
 DESTAQUE DA SEMANA: OUTRAS ESTREIAS: (EXCLUSIVO CINEMA TRINDADE)
"TITANE", DE JULIA DUCOURNAU "O FILME CHOQUE DO FESTIVAL DE CANNES" É assim, com letrinhas maiúsculas e tudo, que o trailer (e outros materiais promocionais) de "Titane" publicita a muito aclamada segunda longa-metragem de Julia Ducournau, autora de "Mange" (2012) e "Raw" (2016). De certa forma, ao utilizar uma afirmação tão hiperbólica, os distribuidores internacionais parecem querer posicioná-lo como um sucessor de títulos como "Baise-Moi" (2000), "Trouble Every Day" (2001) ou "Martyrs" (2008), contos transgressivos "determinados a quebrar todos os tabus e a mergulhar em rios de sangue e litros de sémen", como argumentava o crítico da Artforum, James Quandt, quando cunhou o termo "New French Extremity" (traduzido à letra, "Novo Extremismo Francês), de modo a providenciar à crítica um novo enquadramento para falar do novo cinema de terror (e não só) francófono. É uma estratég
DESTAQUE DA SEMANA: OUTRAS ESTREIAS:
"FRANCE", DE BRUNO DUMONT “La Vie de Jésus” (1997) e “L’Humanité” (1999) colocaram Bruno Dumont na constelação dos autores mais reverenciados em França, no entanto, a distribuição nacional só lhe começou mesmo a prestar atenção recentemente, ainda que continue a haver lacunas por preencher. Afinal, entre “Ma Loute” (2016) e “France” (2021), Dumont assinou três longas-metragens que não conseguiram ir além do circuito de festivais… No entanto, não desanimemos, o lançamento de “France” é mesmo um acontecimento digno de celebração, não fosse o melhor título da sua filmografia desde “Fora, Satanás” (2011), combinando habilmente a melancolia austera que marcou os seus primeiros títulos, com o sentido de humor corrosivo que tem caracterizado a segunda fase da sua carreira. France de Meurs ( Léa Seydoux ) é a jornalista mais famosa de França. O seu programa noticioso, “Um Olhar Sobre o Mundo”, bate recordes de audiências, devido às suas reportagens sensacionalistas e debates a
"SEM TEMPO PARA MORRER", DE CARY JOJI FUKUNAGA Depois de uma espera de mais de um ano, imposta pela pandemia, aí está o 25º título oficial das aventuras de James Bond. Em “Sem Tempo para Morrer” , o norte-americano Cary Joji Fukunaga , autor de “Sem Nome” (2009) e “Jane Eyre” (2011), encena a despedida de Daniel Craig do papel que o colocou nas bocas do mundo. Por momentos, Bond parece ter conseguido abandonar o seu quotidiano. No entanto, os fantasmas do passado reaparecem quando menos esperava, destruindo as suas hipóteses de recomeçar uma existência pacífica ao lado de Madelaine Swann ( Léa Seydoux ), introduzida no antecessor de “Sem Tempo para Morrer” , “Spectre” (2015). O que acontece a seguir? Pois bem, importa manter algum secretismo, de modo a preservar as surpresas que a produção tanto se tem esforçado para tentar esconder do público. Digamos apenas que existe um confronto com os tradicionais inimigos. Um deles, interpretado por Christoph Waltz , retomando a per