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A mostrar mensagens de agosto, 2020
  "Tenet", de Christopher Nolan Conseguirá “Tenet” salvar as salas de cinema? Desde o princípio da pandemia que o público se deixou consumir por um pavor lovecraftiano que apela ao histerismo e à clausura. O resultado, escusado será dizer, foi tudo menos positivo para o setor da cultura. E, se noutros países como França ou Espanha, já começamos a ver prenúncios muito concretos de um eventual futuro para os cinemas, em Portugal a situação continua negríssima. Enfim, Christopher Nolan certamente nunca se olvidou dos santuários à cinefilia, mantendo-se sempre completamente avesso a qualquer lançamento digital. Ainda é cedo demais para saber se vai ou não ser compensado pelas discussões sanguinolentas que os rumores indicam que necessitou de ter com os executivos da Warner, mas uma coisa certa, os espetadores mundiais não podiam ter pedido um motivo melhor para se mobilizarem em direção ao grande ecrã do que este. Como também acontecia com outros títulos do seu autor como “A Ori
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  "O Rei de Staten Island", de Judd Apatow Continuam a existir muitas pessoas que olham para a comédia de lado. Como se provocar gargalhadas fosse uma ambição menor. No entanto, a verdade é que algum do melhor cinema contemporâneo se encontra mesmo enraizado nessa tradição. Nesse sentido, é inevitável mencionar o nome de Judd Apatow, cujos filmes não só ousaram providenciar uma perspetiva masculina a um género tipicamente dominado pelas mulheres (a comédia romântica), como acabaram por instaurar um novo molde para este tipo de produções. Graças a ele, muitos outros realizadores conseguiram conquistar novos patamares nas suas carreiras, contudo, nunca ninguém foi ainda capaz de usurpar e entende-se porquê. Afinal, o trabalho de Appatow possui um humanismo pouco comum e uma vontade de abordar temáticas de pendor realista muito explicita, resultando em melodramas acerca do quotidiano que misturam um sentido de humor juvenil com traços dramáticos contundentes. Tal volta a acontec
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"Golpe de Sol", de Vicente Alves do Ó Alternando entre melodramas de recorte clássico e comédias populares, Vicente Alves do Ó continua a construir um percurso deveras singular no contexto do cinema português. Em Golpe de Sol , encontramo-lo aos comandos de uma história que obviamente lhe é muito pessoal e o resultado é, porventura, o seu filme mais impressionante. Tudo acontece numa vivenda algures no Alentejo, onde um quarteto de amigos se reuniu para passar um fim-de-semana relaxado. No entanto, quando David, um velho amigo em comum que deixou marcas e traumas nas vidas de todos eles, anuncia o seu desejo de os visitar após um longo período de ausência do país, instala-se um ambiente caustico naquele refugio florestal, onde se começam a evidenciar feridas profundas que o tempo se tinha encarregado de recalcar. Golpe de Sol torna-se, portanto, numa espécie de variação melancólica, parcimoniosa e eloquente sobre À Espera de Godot , utilizando a inevitabilidade da visita de
"A Origem", de Christopher Nolan Tudo indica que Christopher Nolan vai voltar aos cinemas mundiais no final do presente mês de agosto com o seu novo devaneio, Tenet . O que, escusado será dizer, constitui um acontecimento muitíssimo importante, especialmente, num ano marcado pelo surgimento de uma ameaça que mergulhou o mundo no pânico e histeria. Portanto, enquanto aguardamos pelo dia 26 de agosto, nada melhor do que aceitar o convite da Warner e redescobrir um dos feitos mais emblemáticos da carreira do autor britânico, com o relançamento de A Origem , o thriller onírico que se tornou num fenómeno junto do público e crítica, chegando mesmo a colocar o seu realizador na corrida aos Óscares, acabando por perder Melhor Filme para o anónimo O Discurso do Rei (que, volvidos 10 anos, nem voltou às salas, nem deve ter voltado aos leitores de DVD de ninguém). Mas, porquê tanta euforia em torno de um filme que, ainda por cima, muito boa gente acusa de ser meramente uma cópia menos
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"O Adeus à Noite", de André Techiné O que aconteceu a André Techiné? À semelhança dos demais humanos, também o autor de títulos como Os Juncos Silvestres ou O Local do Crime envelheceu, contudo, os seus filmes continuam a evidenciar um vigor francamente incomum. No entanto, por razões que a razão certamente não entenderá, o mercado português deixou de o acompanhar, privando os espetadores nacionais de conhecerem todos os capítulos de uma das mais importantes filmografias contemporâneas. Felizmente, o desaparecimento não é absoluto e, de vez em quando, lá temos o prazer de o reencontrar. É isso mesmo que acontece com o lançamento de O Adeus à Noite, onde o vemos a convocar um tema algo esquecido num panorama noticioso focado quase exclusivamente na atual pandemia: o jihadismo e os seus “mecanismos de purificação”. Como é habitual com Techiné, encontramo-nos num sudoeste francês em que se sente a respiração de uma juventude à deriva, desta vez, encarnada por duas figuras “ins
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"Capone", de Josh Trank Filmes sobre mafiosos há muitos, contudo, nenhum deles se assemelha a Capone . Porquê? Pois bem, porque o argumentista e realizador Josh Trank escolheu focar-se não nos tempos de glória do mais emblemático gangster dos EUA, mas sim no último ano da sua vida, quando a neurosífilis já o tinha reduzido a um velhinho confuso e incontinente, incapaz de destrinçar entre a realidade e a fantasia, entre sonhos e pesadelos. Tudo começa como protagonista de robe, na sua mansão opulenta, com um candelabro na mão, enquanto percorre os corredores com o olhar esgazeado. Não demoramos a descobrir que é um momento de breve lucidez, em que o outrora rei do crime organizado se encontra a brincar com as crianças da família, contudo, da banda-sonora insidiosa à iluminação soturna, passando pelos grunhidos que o mesmo vai emitindo tudo aponta no mesmo sentido: a desgraça. Pois é, a componente mais interessante do filme de Trank é mesmo a maneira como vai pintando uma figur