Surpreendentemente, “Uma Vida Singular” tornou-se num dos fenómenos de bilheteira da temporada. Uma pequena produção, de raiz britânica, sem qualquer apoio da máquina promocional de Hollywood, que se tem imposto um pouco por toda a Europa. Como? Porquê? Em boa verdade, nunca saberemos concretamente, no entanto, a vontade é sugerir que o realizador James Hawes conseguiu seduzir, em massa, um público adulto que parece andar mais dedicado a ver séries em catadupa nas plataformas de streaming do que em visitar as salas, recuperando o gosto por um cinema que se caracteriza por um classicismo humilde, que encontra no humanismo uma âncora dramatúrgica, de uma assentada, estética e ética. Nele, regressamos aos tempos do Holocausto (um tema caro à tradição britânica em que “Uma Vida Singular” se insere), para contar a história verídica de Nicholas Winton, um jovem corretor da bolsa que, com Trevor Chadwick e Doreen Warriner do Comité Britânico para os Refugiados na Checoslováquia, resgatou 66