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Crítica: "A Humilhação", de Barry Levinson




Título Original: "The Humbling"
Realização: Barry Levinson
Argumento: Buck Henry, Michal Zebede
Elenco: Al Pacino, Greta Gerwig, Dianne Wiest
Género: Comédia, Drama
Duração: 112 minutos 

Nome emblemático do cinema americano dos anos 80/90, Barry Levinson (realizador de verdadeiros clássicos como "Bom Dia, Vietname", "Rain Man - Encontro De Irmãos", "Avalon" ou "Manobras Na Casa Branca") atinge um novo patamar na sua carreira com "A Humilhação" (título original: "The Humbling"), uma comédia negra inteligente e charmosa, na qual o cineasta traça um retrato íntimo de um ator em declínio (uma interpretação notável de Al Pacino), que se envolve emocionalmente com uma mulher lésbica, com metade da sua idade (a sempre deslumbrante Greta Gerwig). Tendo como ponto de partida o romance homónimo de Phillip Roth (aqui adaptado pelos argumentistas Buck Henry e Michael Zebede), "A Humilhação" funciona portanto como uma exploração engenhosa dos papéis criados e vividos por toda a sociedade. Aliás, a frase que abre o filme e é repetida por Pacino em tons e interpretações diferentes diz muito acerca daquilo que a obra vai abordar: "O mundo é um palco e todos os homens e mulheres simples atores."

Miguel Anjos

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