Avançar para o conteúdo principal
Crítica: "Perdido em Marte", de Ridley Scott



Título Original: "The Martian"
Realização: Ridley Scott
Argumento: Drew Goddard
Género: Aventura, Comédia, Drama
Duração: 144 minutos
País: EUA | Reino Unido
Ano: 2015
Data De Estreia (Portugal): 01/10/2015
Classificação Etária: M/12

Se quisermos estabelecer uma estatística dos cenários mais frequentes, e também mais apetecíveis, da ficção-científica no cinema, não há dúvida que o Planeta Vermelho ocupará um lugar de destaque. Exemplo disso é a mais recente longa-metragem do britânico Ridley Scott (autor de obras inesquecíveis como "Alien - O 8.º Passageiro""Blade Runner: Perigo Iminente"), intitulada "Perdido em Marte" (título original: "The Martian"), uma imponente épico de ficção-científica, baseado no bestseller homónimo de Andy Weir, cuja história nos coloca perante a odisseia de um astronauta que fica para trás em Marte numa missão da NASA. Sozinho no Planeta Vermelho, ele tem de encontrar soluções de sobrevivência e uma maneira de voltar a contactar o seu planeta para ser salvo.

Curiosamente, tendo em conta essa sinopse, aquilo que mais nos surpreende é o seu sentido de humor sem mácula (ou talvez com um mácula irónica...) num argumento afiado e cheio de soluções de intriga. Ao mesmo tempo, Scott é capaz de fomentar um sentido classicista no seu "storytelling", construindo nuances de suspense cronometrado de forma rigorosíssima (os últimos minutos são de cortar o fôlego). Tudo isto sustentado por um Matt Damon em "estado de graça", que compõe com o seu Watney, um herói improvável e muito humano, que nos mantém interessados no seu destino do ínicio ao fim. Em suma, entretenimento aliciante, que mistura à esperada (e muito bem orquestrada) tensão dramática, uma generosa dose de sentido de humor.

 
Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Destroyer: Ajuste de Contas" O falhanço financeiro de um duo de produções conturbadas (“Aeon Flux” e “O Corpo de Jennifer”) remeteram Karyn Kusama a um silêncio demasiado longo. No entanto, em 2016, reencontrámo-la aos comandos de um filme francamente impressionante. Chamava-se “The Invitation” e convidava-nos a entrar na intimidade fantasmática de um homem que não conseguia ultrapassar um acontecimento traumático que o destruiu. Passou completamente ao lado do circuito comercial, contudo, tornou-se num fenómeno de culto em homevideo e deu visibilidade suficiente à sua autora para lhe permitir filmar com um orçamento mais alto (9 milhões), o apoio de um estúdio interessado em auxiliar cineastas ousados (a Annapurna) e um elenco preenchido por nomes sonantes para filmar o seu magnum opus , ou como diriam os românticos alemães do século XIX a sua Gesamtkunstwerk (“obra de arte total”). Trata-se do conto sanguinolento e melancólico de Erin Bell (Nicole Kidman). Uma
"Clímax", de Gaspar Noé Nos primeiros minutos de “Clímax” é-nos providenciado um plano aéreo de uma mulher ensanguentada a percorrer um mar de neve, eventualmente caindo prostrada no branco e nele se distendendo. É a chamada  god’s eye view , um enquadramento da visão divina, que contempla as minúsculas romagens humanas lá do alto, sempre com indiferença. Essa vista alonga-se, para encontrar uma árvore, numa panorâmica lenta que vai abrindo caminho para o horizonte, orientando-se de tal modo que coloca a rapariga no céu e, por conseguinte, Deus na terra. Ainda não terminaram os segundos iniciais da sexta longa-metragem de Gaspar Noé e o mesmo já declarou que as imagens delirantes a que seremos expostos nos seguintes 95 minutos, se encontraram num intervalo permanente e perturbante entre o olhar distante de um qualquer Deus terreno e a lógica sacralizadora de um artista em busca de sensações viscerais. Caso restem dúvidas, o ecrã é imediatamente apoderado por uma
"Juliet, Nua", de Jesse Peretz Quando uma comédia romântica funciona mesmo muito bem, dão-se dois acontecimentos intrinsecamente interligados. Primeiro, começamos a acreditar nas personagens em causa, e a reconhecermo-nos nelas. Segundo, os apontamentos humorísticos convencem-nos tão bem do ambiente de aparente ligeireza, que somos completamente surpreendidos, quando a narrativa nos confronta com temáticas sérias. Felizmente, “Juliet, Nua” constitui mesmo um desses pequenos milagres. Um olhar, simultaneamente, melancólico e hilariante sobre um trio de indivíduos, que tentam encontrar o melhor caminho possível para a felicidade, dentro das situações francamente complexas, que os “assombram”. Resumindo de maneira necessariamente esquemática, esta é a história de Annie (a sempre confiável Rose Byrne), uma mulher de meia-idade, oriunda de uma pequena vila britânica, daquelas onde nunca nada parece acontecer, que namora com o intelectual Duncan (Chris O’Dowd)