"Miss", de Ruben Alves
A primeira longa-metragem de Ruben Alves, "A Gaiola Dourada", vendeu mais de um milhão de bilhetes em Portugal. Ora, tendo em conta as circunstâncias (os distribuidores continuam a não ter condições para promover os seus filmes), é francamente impossível que a segunda, "Miss", chegue sequer lá perto, mas a verdade é que bem merecia. Nele, conhecemos Alex (interpretado pelo modelo Alexandre Wetter), um rapaz que sempre navegou entre géneros, alimentando um sonho aparentemente impossível: conquistar o título de Miss França. No entanto, o tempo encarregou-se de lhe tirar os pais e a autoconfiança, levando-o a uma existência monótona e estagnada, que será interrompida por um encontro inesperado com uma figura do seu passado, que o convence a repensar essa velha ambição e a esconder a sua identidade, de modo a conseguir participar na competição. Algures entra a comédia de usos e costumes e a fábula, Alves constrói uma espécie de "Rocky" dos tempos modernos, alicerçado num sentido de humor desarmante e numa performance verdadeiramente estonteante de Wetter (por certo, uma das maiores revelações do ano), que é dos acontecimentos mais agradáveis de um ano que não nos deu muitos outros motivos para sorrir.
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