Avançar para o conteúdo principal
Crítica: "Mãos de Pedra", de Jonathan Jakubowicz


Título Original: "Hands of Stone"
Realização: Jonathan Jakubowicz
Argumento: Jonathan Jakubowicz
Elenco: Edgar Ramírez, Robert De Niro, Usher Raymond IV, Ana de Armas
Género: Ação, Biografia, Drama
Duração: 101 minutos
País: Panama | EUA
Ano: 2016
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/14
Data de Estreia (Portugal): 05/10/2016

Crítica: Em 1980, Martin Scorsese assinou uma das melhores e mais incontornáveis obras cinematográficas da história, chamava-se "O Touro Enraivecido" e colocava um admirável Robert De Niro (numa das mais extraordinárias performances da sua riquíssima carreira), no papel de um pugilista com um temperamento autodestrutivo. Hoje, passadas mais de três décadas o seu impacto é incomensurável a ponto de ainda servir de inspiração a uma série de cineastas de todo o mundo, como é o caso do venezuelano Jonathan Jakubowicz (responsável pelo filme mais visto de sempre no seu país de origem "Secuestro Express"), que agora se estreia aos comandos de uma grande produção de Hollywood, tendo como base a incrível história verídica do lendário boxeur panamenho Roberto Dúran (vivido por um Edgar Ramírez pleno de brilhantismo e humanismo), desde a sua infância passada na pobreza extrema com a mãe e os irmãos (uma situação em muito agravada pela invasão norte-americana ao Panamá) até ao sucesso alcançado nos ringues dos EUA. Jakubowicz (porventura, inspirado pela obra-prima de Scorsese) concebeu um retrato de um homem emocionalmente complexo (por quem obviamente sente uma imensa admiração, nunca se coibindo, no entanto, de abordar as suas imperfeições), filho de uma nação quebrada, que acabou por ver nele o herói que desesperadamente precisava e, aí reside aquele que será, afinal, o coração de todo o filme: a relação entre o homem e a realidade miserável, opressiva e melancólica em que se viu obrigado a crescer e, a forma como isso o moldou. É comovente, humano, épico até, além de que a oportunidade de voltar a ver De Niro de volta aos ringues constitui uma proposta irrecusável…

Texto de Miguel Anjos

Comentários

  1. Esse filme de drama me surpreendeu. Amei ver a história de luta, é muito interessante. Para mim um dos melhores elementos do filme foi o elenco especialmente Ana de Armas. É uma atriz preciosa que geralmente triunfa nos seus filmes. Recém a vi em Blade Runner 2049 dublado também, e sendo sincera eu acho que a sua atuação é extraordinária, em minha opinião é a atriz mais completa da sua geração, mas infelizmente não é reconhecida como se deve neste filme. Acho que tem uma grande carreira no futuro. Sempre achei o seu trabalho excepcional.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

"Destroyer: Ajuste de Contas" O falhanço financeiro de um duo de produções conturbadas (“Aeon Flux” e “O Corpo de Jennifer”) remeteram Karyn Kusama a um silêncio demasiado longo. No entanto, em 2016, reencontrámo-la aos comandos de um filme francamente impressionante. Chamava-se “The Invitation” e convidava-nos a entrar na intimidade fantasmática de um homem que não conseguia ultrapassar um acontecimento traumático que o destruiu. Passou completamente ao lado do circuito comercial, contudo, tornou-se num fenómeno de culto em homevideo e deu visibilidade suficiente à sua autora para lhe permitir filmar com um orçamento mais alto (9 milhões), o apoio de um estúdio interessado em auxiliar cineastas ousados (a Annapurna) e um elenco preenchido por nomes sonantes para filmar o seu magnum opus , ou como diriam os românticos alemães do século XIX a sua Gesamtkunstwerk (“obra de arte total”). Trata-se do conto sanguinolento e melancólico de Erin Bell (Nicole Kidman). Uma
"Clímax", de Gaspar Noé Nos primeiros minutos de “Clímax” é-nos providenciado um plano aéreo de uma mulher ensanguentada a percorrer um mar de neve, eventualmente caindo prostrada no branco e nele se distendendo. É a chamada  god’s eye view , um enquadramento da visão divina, que contempla as minúsculas romagens humanas lá do alto, sempre com indiferença. Essa vista alonga-se, para encontrar uma árvore, numa panorâmica lenta que vai abrindo caminho para o horizonte, orientando-se de tal modo que coloca a rapariga no céu e, por conseguinte, Deus na terra. Ainda não terminaram os segundos iniciais da sexta longa-metragem de Gaspar Noé e o mesmo já declarou que as imagens delirantes a que seremos expostos nos seguintes 95 minutos, se encontraram num intervalo permanente e perturbante entre o olhar distante de um qualquer Deus terreno e a lógica sacralizadora de um artista em busca de sensações viscerais. Caso restem dúvidas, o ecrã é imediatamente apoderado por uma
"Juliet, Nua", de Jesse Peretz Quando uma comédia romântica funciona mesmo muito bem, dão-se dois acontecimentos intrinsecamente interligados. Primeiro, começamos a acreditar nas personagens em causa, e a reconhecermo-nos nelas. Segundo, os apontamentos humorísticos convencem-nos tão bem do ambiente de aparente ligeireza, que somos completamente surpreendidos, quando a narrativa nos confronta com temáticas sérias. Felizmente, “Juliet, Nua” constitui mesmo um desses pequenos milagres. Um olhar, simultaneamente, melancólico e hilariante sobre um trio de indivíduos, que tentam encontrar o melhor caminho possível para a felicidade, dentro das situações francamente complexas, que os “assombram”. Resumindo de maneira necessariamente esquemática, esta é a história de Annie (a sempre confiável Rose Byrne), uma mulher de meia-idade, oriunda de uma pequena vila britânica, daquelas onde nunca nada parece acontecer, que namora com o intelectual Duncan (Chris O’Dowd)