Crítica

"Rogue One - Uma História de Star Wars", de Gareth Edwards

Título Original: "Rogue One: A Star Wars Story"
Realização: Gareth Edwards
Argumento: Chris Weitz, Tony Gilroy
Elenco: Felicity Jones, Diego Luna, Riz Ahmed, Alan Tudyk, Donnie Yen, Ben Mendelsohn, Forest Whitaker, Mads Mikkelsen
Género: Ação, Aventura, Ficção-Cientifica
Duração: 134 minutos
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 14/12/2016

Com "A Ameaça Fantasma", "O Ataque dos Clones" e "A Vingança dos Sith", George Lucas desiludiu o mundo ao introduzir uma série de elementos disparatados, péssimos diálogos e, narrativas aborrecidas à sua maior e mais emblemática criação: o universo "Star Wars". Posto isto, importa lembrar que no centro desta segunda trilogia (que depois acabou por ser declarada a primeira) havia uma ideia inteligente, que poderia potencialmente servir de ponto de partida para fitas com interesse, ou seja, uma tentativa de aproximação dos modelos clássicos da tragédia grega, tendo por base uma trama mais negra e melancólica que abandonava o ambiente mais "familiar", digamos assim, dos originais. Mas, já se sabe que boas ideias não vão muito longe sem uma execução devida e, é mesmo por isso que sabe tão bem ver "Rogue One", do britânico Gareth Edwards (autor de um dos melhores e, menos conhecidos filmes de ficção-cientifica contemporâneos, "Monsters"), agora sim um espetáculo imponente e empolgante, com personagens bem desenhadas, sequências de ação de encher o olho e um elenco de exceção, que numa altura em que toda a gente a trabalhar dentro da máquina de Hollywood parece apontar estas grandes produções às famílias e jovens, se atreve a abraçar temáticas adultas sem nunca se afastar do negrume narrativo que tamanha opção acarreta. E, com uma reta final de deixar qualquer um num misto de espanto e comoção, não será difícil deduzir que estará aqui o melhor dos muitos blockbusters a chegar aos nossos ecrãs este ano.

9/10

Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Destroyer: Ajuste de Contas" O falhanço financeiro de um duo de produções conturbadas (“Aeon Flux” e “O Corpo de Jennifer”) remeteram Karyn Kusama a um silêncio demasiado longo. No entanto, em 2016, reencontrámo-la aos comandos de um filme francamente impressionante. Chamava-se “The Invitation” e convidava-nos a entrar na intimidade fantasmática de um homem que não conseguia ultrapassar um acontecimento traumático que o destruiu. Passou completamente ao lado do circuito comercial, contudo, tornou-se num fenómeno de culto em homevideo e deu visibilidade suficiente à sua autora para lhe permitir filmar com um orçamento mais alto (9 milhões), o apoio de um estúdio interessado em auxiliar cineastas ousados (a Annapurna) e um elenco preenchido por nomes sonantes para filmar o seu magnum opus , ou como diriam os românticos alemães do século XIX a sua Gesamtkunstwerk (“obra de arte total”). Trata-se do conto sanguinolento e melancólico de Erin Bell (Nicole Kidman). Uma

"Clímax", de Gaspar Noé Nos primeiros minutos de “Clímax” é-nos providenciado um plano aéreo de uma mulher ensanguentada a percorrer um mar de neve, eventualmente caindo prostrada no branco e nele se distendendo. É a chamada god’s eye view , um enquadramento da visão divina, que contempla as minúsculas romagens humanas lá do alto, sempre com indiferença. Essa vista alonga-se, para encontrar uma árvore, numa panorâmica lenta que vai abrindo caminho para o horizonte, orientando-se de tal modo que coloca a rapariga no céu e, por conseguinte, Deus na terra. Ainda não terminaram os segundos iniciais da sexta longa-metragem de Gaspar Noé e o mesmo já declarou que as imagens delirantes a que seremos expostos nos seguintes 95 minutos, se encontraram num intervalo permanente e perturbante entre o olhar distante de um qualquer Deus terreno e a lógica sacralizadora de um artista em busca de sensações viscerais. Caso restem dúvidas, o ecrã é imediatamente apoderado por uma

"Juliet, Nua", de Jesse Peretz Quando uma comédia romântica funciona mesmo muito bem, dão-se dois acontecimentos intrinsecamente interligados. Primeiro, começamos a acreditar nas personagens em causa, e a reconhecermo-nos nelas. Segundo, os apontamentos humorísticos convencem-nos tão bem do ambiente de aparente ligeireza, que somos completamente surpreendidos, quando a narrativa nos confronta com temáticas sérias. Felizmente, “Juliet, Nua” constitui mesmo um desses pequenos milagres. Um olhar, simultaneamente, melancólico e hilariante sobre um trio de indivíduos, que tentam encontrar o melhor caminho possível para a felicidade, dentro das situações francamente complexas, que os “assombram”. Resumindo de maneira necessariamente esquemática, esta é a história de Annie (a sempre confiável Rose Byrne), uma mulher de meia-idade, oriunda de uma pequena vila britânica, daquelas onde nunca nada parece acontecer, que namora com o intelectual Duncan (Chris O’Dowd)

The Corner

Pesquisar neste blogue

Crítica

Etiquetas

Comentários

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue