"O Predador", de Shane Black
“Predador” envelheceu lindamente. Passaram-se 38 anos, e permanecemos impressionados com ele. Era um cruzamento brilhante entre “Apocalypse Now” e “Alien”, evocando memórias da guerra do Vietname, e adicionando-lhes elementos de uma certa aventura puramente primitiva. Talvez, por isso, a FOX tenha demonstrado tanto nervosismo, na hora de encomendar continuações. No entanto, “O Predador” nunca seria uma sequela como outra qualquer. Desta vez, Shane Black, um dos membros do elenco desse primeiro tomo, assume a realização e o argumento, no processo, encerrando um longo círculo criativo, com resultados francamente carismáticos, e não utilizamos essa expressão por acaso. Afinal, “O Predador” padece de maleitas óbvias, a começar por um argumento que quer abarcar demasiados elementos narrativos (há intrigas secundárias sacrificáveis), contudo, supera-as a todas quase única e exclusivamente pela qualidade das suas sanguinolentas sequências de ação, e pelo estupendo elenco (Sterling K. Brown e Keegan Michael-Key, em particular), que muito se diverte com os requintados diálogos de Black, sempre pontuados por um sentido de humor afinadíssimo. Dito de outro modo, um suculento naco de série B, pleno de charme e personalidade, que se conta entre os mais inspirados momentos de entretenimento escapista, que Hollywood nos providenciou recentemente.
Realização: Shane Black
Argumento: Shane Black, Fred Dekker
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