Crítica: "Hereditário"
Logo
numa das primeiras cenas, vemos um dos protagonistas, distraído numa sala de
aula, onde se discute a tragédia grega. Em particular, será pior ser condenado
por consequência de escolhas pessoais, ou por acontecimentos que constantemente
fogem ao nosso controlo.
Ora, Ari Aster não nos providencia nenhuma resposta especifica (embora, no
final, talvez, possamos interpretar uma), no entanto, através desse inocente
debate, levanta o véu acerca dos mistérios no centro de “Hereditário”. Um olhar
carburante sobre a lenta desintegração de um núcleo familiar aparentemente funcional,
que se entranha na epiderme do espetador evidenciando um autor em completo
domínio do seu métier. Desde Sundance, que vamos notando comparações muitíssimo
abonatórias a autênticos clássicos como “A Semente do Diabo”, “O Exorcista” ou “Aquele
Inverno em Veneza”, e não é incompreensível que estas surjam, porém, quem
prestar atenção ao metódico trabalho de Aster, rapidamente entenderá que
estamos muito mais perto de gente como Mike Leigh ou Michael Haneke. Ou seja, “Hereditário”
é um requintado e arrepiante filme de terror, que nos desconcerta e inquieta,
mas, acima de tudo, é uma tragédia familiar, sobre a impotência que
confrontamos no que ao nosso destino (e dos que amamos) diz respeito.
Realização: Ari Aster
Argumento: Ari Aster
Elenco: Toni Collette, Gabriel Byrne, Alex Wolff, Milly Shapiro, Ann Dowd
Género: Terror
Duração: 127 minutos
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