Crítica: "As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto", de Miguel Gomes
Realização: Miguel Gomes
Elenco: Miguel Gomes, Carloto Cotta, Adriano Luz, Rogério Samora, Maria Rueff, Diogo Dória, Crista Alfaiate
Género: Drama
Duração: 125 Minutos
Classificação Etária: M/14
Data De Estreia (Portugal): 27/08/2015
Depois de assinar três admiráveis longas-metragens ("A Cara que Mereces", "Aquele Querido Mês de Agosto", e "Tabu"), Miguel Gomes (indiscutivelmente, uma das maiores figuras do panorama cinematográfico nacional), regressa às salas de cinema com a sua obra mais ambiciosa: "As Mil e Uma Noites", um enorme épico social, que tem como base o famoso conto persa do mesmo nome. Sendo que o primeiro dos três volumes que o constituem (intitulado "O Inquieto"), chegou esta semana às salas de cinema nacionais (os outros dois, "O Desolado" e "O Encantado", têm estreia marcada para 24 de Setembro e 1 de Outubro, respetivamente) e escusado será dizer que estamos perante um acontecimento cinematográfico de grande significância.
Dividido em três atos, todos eles sustentados por tons manifestamente distintos, "O Inquieto" começa por construir uma elaborada e (por vezes) hilariante sátira à política, não só portuguesa, mas também europeia. Tudo começa com "Os Homens com o Pau Feito", um conto deliciosamente absurdo e malevolamente divertido, onde as maldições dos feiticeiros e os fundos europeus andam de mãos dadas. Segue-se "A História do Galo e do Fogo", um conto igualmente surreal, que tem lugar na aldeia de Resende, onde um galo que canta a desoras gera uma onda de protestos pela liberdade de expressão, lá pelo meio está um triangulo amoroso, cujas consequências serão catastróficas. Este segundo segmento assume, a espaços, um caráter um pouco mais deambulatório (e bastante derivativo do cinema de Wes Anderson) e, apesar de ser bem construído apresenta-se claramente como o ponto mais fraco deste primeiro volume.
Dividido em três atos, todos eles sustentados por tons manifestamente distintos, "O Inquieto" começa por construir uma elaborada e (por vezes) hilariante sátira à política, não só portuguesa, mas também europeia. Tudo começa com "Os Homens com o Pau Feito", um conto deliciosamente absurdo e malevolamente divertido, onde as maldições dos feiticeiros e os fundos europeus andam de mãos dadas. Segue-se "A História do Galo e do Fogo", um conto igualmente surreal, que tem lugar na aldeia de Resende, onde um galo que canta a desoras gera uma onda de protestos pela liberdade de expressão, lá pelo meio está um triangulo amoroso, cujas consequências serão catastróficas. Este segundo segmento assume, a espaços, um caráter um pouco mais deambulatório (e bastante derivativo do cinema de Wes Anderson) e, apesar de ser bem construído apresenta-se claramente como o ponto mais fraco deste primeiro volume.
A terminar está aquele que é também o melhor dos três contos: "O Banho dos Magníficos" que acompanha um professor de natação (também ele magnífico Adriano Luz), que planeia os banhos do dia 1 de janeiro, um ritual local, mas que para este possui um significado mais profundo. Uma história emotiva e intimista, de uma simplicidade desarmante, onde o cineasta combina baleias e sereias com relatos reais testemunhados por portugueses, que sentem a crise à flor da pele (são eles os magníficos do título). Em suma, digamos apenas que "As Mil e Uma Noites: Volume 1, O Inquieto" é um interessantíssimo ensaio sobre a realidade portuguesa atual.
Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos
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