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Crítica: "A Canção de Uma Vida", de Kate Barker-Froyland



Título Original: "Song One"
Realização: Kate Barker-Froyland
Argumento: Kate Barker-Froyland
Elenco: Anne Hathaway, Johnny FlynnBen RosenfieldMary Steenburgen
Género: Drama
Duração: 86 minutos
País: EUA
Ano: 2014
Classificação Etária: M/12
Data De Estreia (Portugal): 19/11/2015
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Velha questão cinéfila: será que o género musical ainda persiste? Enfim, não vale a pena iludirmo-nos com especulações mais ou menos superficiais, até porque a resposta é claramente negativa, quanto mais não seja porque a indústria deixou de o manter como produto regular. Mas que é feito do "filme com música"? Será que ainda há por aí gente capaz de trabalhar a música para além de qualquer dimensão decorativa ou pitoresca e assim construir fitas capazes de nos envolver no mundo dos que a fazem, tocam, cantam e vivem? Pois bem, quando confrontados com uma obra da dimensão de "A Canção de Uma Vida" (título original: "Song One") somos obrigados a acreditar que sim. Aqui, acompanhamos a história de uma jovem antropóloga (Anne Hathaway), que desenvolve uma inesperada ligação com o músico (Johnny Flynn) favorito do irmão (Ben Rosenfield), depois de este último ser vítima de um grave atropelamento que o deixa em coma. A banda-sonora melancólica e nostálgica da autoria de Jenny Lewis e Jonathan Rice é simplesmente brilhante e conta-se, desde já, entre as melhores do ano, e a dupla Anne Hathaway e Johnny Flynn brilha em cada cena, mas o que fica na memória é a delicadeza e sobriedade com que Barker-Froyland (que também assina o argumento) encena este encontro. Divertido, comovente e genuíno, estamos perante aquele que é, sem rodeios, um dos grandes filmes do ano.

Classificação: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10
Texto de Miguel Anjos

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