Crítica: "A Grande Muralha", de Zhang Yimou
Título Original: "The Great Wall"
Realização: Zhang Yimou
Argumento: Carlo Bernard, Doug Miro, Tony Gilroy
Elenco: Matt Damon, Pedro Pascal, Tian Jing
Género: Ação, Aventura, Fantasia
Duração: 103 minutos
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 16/02/2017
Seguramente um dos mais emblemáticos nomes da cinematografia asiática, Zhang Yimou dedicou a maior parte da sua carreira como cineasta a produzir obras de tom realista com especial enfoque na vida no seu país de origem (a China) com todas as convulsões sociais e políticas que isso envolve, porém quem o conhece sabe também do seu imenso talento para a construção de espetáculos visuais assombrosos como o são "Herói" ou "O Segredo dos Punhais Voadores", capazes de rivalizar até mesmo com os mais ambiciosos projetos norte-americanos. Assim não será de estranhar que o vejamos ao leme de um título como "A Grande Muralha", co-produção entre os Estados Unidos e a China, que vem consolidar a presença de Hollywood num mercado que nenhum estúdio contemporâneo se poderá dar ao luxo de ignorar. E, nesse sentido, embora seja bastante óbvio que para os estúdios envolvidos os objetivos transcendem as ambições artísticas do projeto em questão (como não encarar tamanha aposta, senão como um dos mais dispendiosos investimentos feitos na área em memória recente?), a verdade é que o trabalho de um autor tão dotado como Yimou eleva o que poderia facilmente ter-se tornado num mero festim de efeitos visuais e ruído e, construi uma deliciosa aventura à moda antiga com um claro prazer pelo gosto, dir-se-ia, primitivo por um certo cinema espetáculo, sempre apostado em causar espanto através da construção de sequências de ação elegantemente executadas, ainda para mais apoiado numa premissa curiosíssima que mistura evocação histórica (como o título pode indicar a construção da Grande Muralha da China) com os encantos mais imaginativos do cinema fantástico (os vilões são criaturas monstruosas que acordam a cada 60 anos para atacar o país em questão), com notória agilidade e eficácia. Se nos aguardam mais filmes assim, que cruzem temáticas orientais com uma linguagem cinematográfica enraizada no ocidente não sabemos, mas para já parece-nos impossível não recomendar uma obra que tão inteligentemente nos seduz com a sua exuberância visual. Os blockbusters terão sido os primeiros a travar conhecimento com a globalização e, se dela saírem mais propostas assim então ficamos todos a ganhar.
7/10
Texto de Miguel Anjos
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