Avançar para o conteúdo principal

Cinema

Crítica: "Homem-Aranha: Regresso a Casa", de Jon Watts


Título Original: "Spider-Man:Homecoming"
Realização: Jon Watts
Género: Comédia, Ação, Aventura, Ficção-Cientifica
Duração: 133 minutos
Distribuição: Big Picture Films
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 06/07/2017


O Homem-Aranha continua a ser uma figura omnipresente no panorama cinematográfico, com a sua sexta longa-metragem em quinze anos. E, num tempo, em que os desapontantes capítulos anteriores ainda ecoam na memória de muitos espetadores, a novíssima aventura com chancela da Sony Pictures, necessitaria de responder a uma questão fulcral: Será que ainda há histórias para contar neste universo ou, apenas variações daquilo que já foi visto e revisto, nos cinco capítulos anteriores? Bom, quando confrontados com um objeto como este Regresso a Casa, torna-se evidente, que a resposta está inerentemente ligada ao autor em questão e, a escolha de um jovem talentoso como Jon Watts (saído do belíssimo Carro da Polícia, que cruzava Sam Peckimpah e Steven Spielberg com graça e elegância), prova que se houver inspiração, ainda há material para construir histórias interessantes. É o caso deste curiosíssimo acontecimento, que coloca um jovem Peter Parker (Tom Holland, num modo de adolescente constantemente entusiasmado), no centro de uma hilariante comédia à moda de John Hughes, que combina na perfeição os obrigatórios elementos de aventura e ficção-cientifica, com as regras do "filme de liceu". Fugindo ao negrume que tem vindo a pautar os super-heróis modernos, Watts adotou um sentido de humor inocente e genuíno (onde, não se nota uma pinga de malicia), que juntamente com um argumento (escrito por seis pessoas), que sabiamente concentra quase toda a ação em Queens, bairro onde Spidey cresceu, ajuda a concretizar uma simpatiquíssima fita pipoca para toda a família, que será dos melhores episódios, que a personagem já protagonizou. Isto, já para não mencionar o sempre imperial Michael Keaton, como um trabalhador, que se resolve virar para o mundo do crime, devido a um ressentimento social bastante compreensível. É, ele quem rouba o filme, com uma prestação ameaçadora e carismática, que nos oferece um antagonista, que conseguimos compreender. 

7/10
Texto de Miguel Anjos

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Destroyer: Ajuste de Contas" O falhanço financeiro de um duo de produções conturbadas (“Aeon Flux” e “O Corpo de Jennifer”) remeteram Karyn Kusama a um silêncio demasiado longo. No entanto, em 2016, reencontrámo-la aos comandos de um filme francamente impressionante. Chamava-se “The Invitation” e convidava-nos a entrar na intimidade fantasmática de um homem que não conseguia ultrapassar um acontecimento traumático que o destruiu. Passou completamente ao lado do circuito comercial, contudo, tornou-se num fenómeno de culto em homevideo e deu visibilidade suficiente à sua autora para lhe permitir filmar com um orçamento mais alto (9 milhões), o apoio de um estúdio interessado em auxiliar cineastas ousados (a Annapurna) e um elenco preenchido por nomes sonantes para filmar o seu magnum opus , ou como diriam os românticos alemães do século XIX a sua Gesamtkunstwerk (“obra de arte total”). Trata-se do conto sanguinolento e melancólico de Erin Bell (Nicole Kidman). Uma
"Clímax", de Gaspar Noé Nos primeiros minutos de “Clímax” é-nos providenciado um plano aéreo de uma mulher ensanguentada a percorrer um mar de neve, eventualmente caindo prostrada no branco e nele se distendendo. É a chamada  god’s eye view , um enquadramento da visão divina, que contempla as minúsculas romagens humanas lá do alto, sempre com indiferença. Essa vista alonga-se, para encontrar uma árvore, numa panorâmica lenta que vai abrindo caminho para o horizonte, orientando-se de tal modo que coloca a rapariga no céu e, por conseguinte, Deus na terra. Ainda não terminaram os segundos iniciais da sexta longa-metragem de Gaspar Noé e o mesmo já declarou que as imagens delirantes a que seremos expostos nos seguintes 95 minutos, se encontraram num intervalo permanente e perturbante entre o olhar distante de um qualquer Deus terreno e a lógica sacralizadora de um artista em busca de sensações viscerais. Caso restem dúvidas, o ecrã é imediatamente apoderado por uma
"Juliet, Nua", de Jesse Peretz Quando uma comédia romântica funciona mesmo muito bem, dão-se dois acontecimentos intrinsecamente interligados. Primeiro, começamos a acreditar nas personagens em causa, e a reconhecermo-nos nelas. Segundo, os apontamentos humorísticos convencem-nos tão bem do ambiente de aparente ligeireza, que somos completamente surpreendidos, quando a narrativa nos confronta com temáticas sérias. Felizmente, “Juliet, Nua” constitui mesmo um desses pequenos milagres. Um olhar, simultaneamente, melancólico e hilariante sobre um trio de indivíduos, que tentam encontrar o melhor caminho possível para a felicidade, dentro das situações francamente complexas, que os “assombram”. Resumindo de maneira necessariamente esquemática, esta é a história de Annie (a sempre confiável Rose Byrne), uma mulher de meia-idade, oriunda de uma pequena vila britânica, daquelas onde nunca nada parece acontecer, que namora com o intelectual Duncan (Chris O’Dowd)