Quem é Kogonada? Ninguém lhe conhece o verdadeiro nome, embora saibamos que o pseudónimo deriva de Kogo Noda, argumentista de "Também Fomos Felizes", "Primavera Tardia" ou "O Fim do Outono". Que idade tem? Outro mistério. Aliás, ainda que existam suspeitas (muito contestadas) de que nasceu na Coreia do Sul, não há certezas.
Conhecemo-lo apenas como o Kogonada que nasceu para o cinema e dele vive desde que os seus ensaios se tornaram virais no Vimeo, levando a Criterion, uma editora de DVDs e Blu-Rays guiada por valores eminentemente cinéfilos, a encomendar-lhe outras análises, para inclusão, como "extras", nos seus lançamentos.
Em 2017, afastou-se da esfera online e estreou-se enquanto realizador com "Columbus", um belíssimo e muito auspicioso filme, que passou completamente ao lado aquando da sua estreia no Festival de Sundance de 2017, só para depois chegar às salas de cinema com aura de acontecimento, devido ao interesse e admiração que tinha despertado noutros certames, ao longo dos meses que se seguiram.
Chegamos assim a "A Vida Depois de Yang", a sua segunda longa-metragem, em que repesca um conto de Alexander Weinstein, para contar uma história que se situa num futuro indeterminado, onde os Estados Unidos (ou, aquilo que assumimos serem os EUA) se converteu numa sociedade bem diferente daquela que imaginamos atualmente, com a arquitetura principalmente a assumir uma influência muito mais declarada de outras culturas, nomeadamente, a asiática (e, tendo em conta, que "Columbus" se situava no milieu da arquitetura norte-americana, esse não será certamente um pormenor aleatório).
Lá, conhecemos Jake (Colin Farrell), um pai de família que parece manter uma relação relativamente distante de tudo aquilo que o rodeia, porventura, devido a um foco excessivo na sua atividade laboral, enquanto dono de uma loja de chá. Kyra (Jodie Turner-Smith), a sua esposa, não tem um dia-a-dia muito mais desafogado, pelo que, decidiram comprar Yang (Justin H. Min), um androide, para tomar conta da filha adotada do casal, Mika (Malea Emma Tjandrawidjaja), e para a aproximar das suas origens chinesas.
No entanto, a dinâmica daquela unidade familiar muda, quando Yang se avaria e Jake se dedica a tentar encontrar uma maneira de o reparar. Cedo se torna aparente que isso essa busca será infrutífera, contudo, o processo leva Jake a experienciar as memórias do androide, lançando-o numa odisseia francamente inesperada...
É impressionante a quantidade ecos que Kogonada consegue extrair à sua história, elaborando uma narrativa que tanto discute o luto, como a influência da tecnologia no presente, especialmente, num momento em que a nossa dependência das mesmas aumenta, como evidenciado pela forma como começamos a utilizar o digital como substituto para as relações humanas. Não obstante, o verdadeiro triunfo de Kogonada, volta a não ser a sua (admitidamente admirável) componente temática.
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