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Crítica: "Danny Collins" ("Danny Collins - Nunca É Tarde"), de Dan Fogelman




Inspirado na história verídica do cantor folk Steve Tilston, "Danny Collins - Nunca é Tarde", a primeira longa-metragem do argumentista norte-americano Dan Fogelman (que tem no currículo fitas como "Amor, Estúpido e Louco" ou "Last Vegas - Despedida de Arromba") enquanto cineasta, narra a história de um cantor (Al Pacino, um ator que jamais falha uma nota), com mais de 70 anos que ainda vive do sucesso dos seus êxitos passados. Quando o agente, Frank Grumman (excelente Christopher Plummer, num pequeno, mas divertido papel), lhe entrega uma carta que tinha sido escrita por John Lennon, para Collins, há mais de 40 anos, o músico decide mudar de vida, redescobrir a sua música e recuperar a família de quem se afastou ao longo dos anos. O elenco (onde para além de Pacino e Plummer, se encontram nomes como Annette Bening, Jennifer Garner ou Bobby Cannavale, todos em topo de forma) é de luxo e a realização é sólida, mas o que se destaca é o argumento a alternar entre o genuinamente hilariante e o verdadeiramente comovente. "Danny Collins" é um filme tão simples, quanto extraordinário. Para ver com um sorriso na cara (e talvez uma lágrima no canto do olho), do príncipio ao fim.

9/10
Miguel Anjos

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