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Crítica: "Minúsculos: O Vale das Formigas", de Hélène Giraud, Thomas Szabo


Título Original: "Minuscule - La vallée des fourmis perdues"
Realização: Hélène Giraud, Thomas Szabo
Argumento: Thomas SzaboHélène Giraud
Género: Animação, Aventura, Família
Duração: 89 minutos
País: França | Bélgica
Ano: 2013
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/6
Data De Estreia (Portugal): 28/04/2016

Ora, e eis que numa altura em que todas as semanas chega às nossas salas uma nova proposta animada (só entre Março e Abril, estrearam dez fitas do género e há já mais quatro programadas para o próximo mês) somos convidados a assistir a uma que, em boa verdade, não se parece com nada do que conhecemos: "Minúsculos: O Vale das Formigas", de Hélène Giraud e Thomas Szabo, uma belíssima fita de animação baseada na série de televisão homónima (cujos episódios duram em média 6 minutos), que nos leva até uma floresta na Provença, onde uma pequena joaninha, se perdeu da família ao fugir de um bando de moscas varejeiras que a perseguiam, acabando por se ferir numa asa e cair. Ao cruzar-se com um grupo de amigáveis formigas negras, dentro de uma lata de açúcar que os humanos deixaram para trás de um piquenique, a joaninha empreende numa longa viagem até ao formigueiro, com outras formigas más (as vermelhas) no seu encalço. É um filme esplendoroso, inventivo e cheio de piada, que possui a capacidade de construir uma narrativa complexa e deveras cativante, sem nunca ter a necessidade de recorrer a diálogos, mas fazendo um uso inteligente de ruídos para melhor identificar a ação. Cinema espetáculo? Sem dúvida, mas que belo espetáculo este.

Texto de Miguel Anjos

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