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Crítica: "O Caçador e a Rainha do Gelo", de Cedric Nicolas-Troyan



Título Original: "The Huntsman: Winter's War"
Realização: Cedric Nicolas-Troyan
Argumento: Evan SpiliotopoulosCraig Mazin
Elenco: Chris HemsworthCharlize TheronEmily BluntJessica Chastain
Género: Ação, Aventura, Drama
Duração: 114 minutos
País: EUA
Distribuidor: NOS Audiovisuais
Classificação Etária: M/12
Data de Estreia (Portugal): 21/04/2016

Depois do modesto sucesso de bilheteiras (e, dizemos "modesto" porque graças a um orçamento exorbitante o filme acabou por não render muito) que foi "A Branca de Neve e o Caçador", a Universal Pictures decidiu "encomendar" esta sequela que, por razões alheias à trama (nomeadamente, um caso amoroso entre a protagonista e o realizador da primeira fita, que causou tanto alvoroço que levou a que ambos fossem afastados da produção), não traz de volta a Branca de Neve. Desta feita, tudo gira em torno do Caçador (novamente interpretado por Chris Hemsworth), que, aqui é confrontado com a necessidade de manter secreta a relação amorosa que mantém com Sara (a luminosa Jessica Chastain), uma outra guerreira que, tal como ele foi criada para proteger Freya (Emily Blunt), a Rainha do Gelo que, entretanto, foi alvo de uma traição imperdoável por parte da sua irmã Ravenna (vivida por uma outra repetente do primeiro capítulo, Charlize Theron). O que daí resulta é um filme de ação e fantasia bastante sólido, com excelentes sequências de ação e efeitos visuais (qualidades que, aliás, já se manifestavam no original), que reimagina um universo muito popular, sem medo de assumir o carácter mais adulto e negro destas histórias e que só peca mesmo por uma ou outra tentativa falhada de ejetar humor nos acontecimentos (de resto, bastante trágicos), porventura numa tentativa de emular algo na linha de "A Princesa Prometida" (um clássico do cinema de fantasia, lançado em 1987). Não obstante, um ótimo segundo capítulo que suplanta o seu predecessor e se conta entre as melhores reimaginações (que, nos dias que correm, proliferam tanto no cinema como na televisão) que Hollywood nos tem oferecido.

Texto de Miguel Anjos

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